Folha de S.Paulo

Com 24 anos, tradutor de presidente eleito é filho de aliado

- Ana Luiza Albuquerqu­e

rio de janeiro Férias em Miami, Réveillon em Trancoso, Carnaval nos camarotes da Sapucaí. André Marinho, 24, vive a rotina de um seleto grupo de jovens da sociedade carioca. O garoto, no entanto, quer alçar voos mais altos. Foi ele quem traduziu a conversa entre o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) e o presidente dos Estados Unidos Donald Trump, no domingo (28).

Durante a campanha, as redes sociais de André mostravam com frequência bastidores das filmagens e lives do candidato do PSL. Em setembro, após a facada, o jovem chegou a visitar Bolsonaro no hospital Albert Einstein, em São Paulo. “Vocês realmente acharam que iam acabar com a gente? Tem dois de nós aqui agora, cada vez mais fortes aí, tá ok?”, disse em vídeo no hospital, imitando o presidente eleito.

André é filho do empresário Paulo Marinho (PSL), suplente na chapa do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL).

Foi na casa de Marinho, no Jardim Botânico, zona sul do Rio, que o candidato do PSL gravou seus programas eleitorais.

“Presenciei em primeira mão debates, gravações, carreatas, sabatinas, os desdobrame­ntos do fatídico atentado, reviravolt­as, dramas, enfim, história”, escreveu André no Instagram, no dia 7 de outubro, primeiro turno, em foto com Bolsonaro e Paulo Guedes, guru econômico do presidente eleito.

Em vídeo publicado na rede social, o garoto diz que sempre foi apaixonado por comunicaçã­o e política e que hoje está mais perto de seu objetivo de vida. “Quero levar o meu trabalho para um público ainda maior, através da televisão”, afirma.

Egresso da Escola Britânica e do curso de direito da PUCRio, André é presidente do Lide Futuro do Rio de Janeiro, braço jovem da empresa fundada pelo governador eleito João Doria (PSDB). O grupo é conhecido por receber contribuiç­ões de empresário­s para promover encontros com políticos.

Em vídeo, André afirma que a entidade tem como objetivo conectar jovens lideranças da cena empresaria­l carioca. “Estamos em vários setores da economia e temos for- ça para dialogar com o mundo empresaria­l e o poder público”, diz.

O interesse pela política e pela administra­ção pública veio antes da campanha de Bolsonaro. Em dezembro de 2015, encontrou-se com o republican­o Jeb Bush, ex-governador da Flórida. Em setembro, com o ex-presidente Bill Clinton.

“Bill Clinton é dono de uma aura magnética e de um carisma arrebatado­r. É um orador popular e um político nato, sui generis, tudo que a sua esposa tenta desesperad­amente emular porém falhando pateticame­nte”, escreveu nas redes sociais, em crítica a Hillary Clinton, derrotada por Trump em 2016.

Em março daquele ano, com uma camiseta em homenagem ao juiz Sergio Moro, André participou de manifestaç­ão pelo impeachmen­t da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). “Varrendo o PT do país!”, publicou.

Bem relacionad­o, André foi mestre de cerimônias do último Réveillon na praia de Copacabana. “Imagina um cara de 23 anos, desconheci­do do público, em frente a quase três milhões de pessoas, em cima de um palco, no dia em que o mundo inteiro está com o coração cheio de esperança”, afirma em gravação na qual lista seus melhores momentos profission­ais em 2017.

Desenvolto em frente às câmeras, o jovem criou um canal no Youtube, com cerca de 13 mil inscritos, no qual publica vídeos de imitações de políticos.

O vídeo mais famoso tem 225 mil visualizaç­ões. Publicado em 17 de outubro, simula uma ligação entre Trump e Bolsonaro. Onze dias depois, a fantasia se tornaria realidade.

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Reprodução André Marinho ao lado do pai e de Jair Bolsonaro

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