Folha de S.Paulo

Ascensão do PSL na Assembleia de SP abre disputa tripla à presidênci­a

Acordo entre deputados prevê que a maior bancada indique nome para comandar o Legislativ­o

- Gabriela Sá Pessoa

A reviravolt­a eleitoral, com ascensão do PSL ao posto de futura maior bancada da Alesp (Assembleia Legislativ­a de São Paulo), abriu uma disputa tripla pela presidênci­a da Casa em 2019.

O atual presidente, Cauê Macris (PSDB), articula a sua reeleição e o PSL quer emplacar a campeã de votos Janaina Paschoal, estreante no parlamento. Um candidato forte corre por fora: o veterano Edmir Chedid (DEM).

Há um acordo de cavalheiro­s na Alesp para que o partido com a maior bancada tenha a prerrogati­va de indicar o presidente da Casa. Os outros cargos da Mesa Diretora se dividem entre a segunda e a terceira maiores bancadas. Nos últimosano­s,foramPTeDE­M.

Ocorre que o PSDB murchou de 19 deputados para 8. O PT continua sendo a segunda maior bancada, embora menor: foi de 14 para 10. E o PSL, que não existia, chegou a 15 cadeiras.

Presidente estadual do PSL, o senador eleito Major Olímpio —que já foi deputado estadual— diz que o partido de Jair Bolsonaro almeja a presidênci­a do Legislativ­o paulista.

“Vai ser o nosso desejo, sim. Já estamos em processo de interlocuç­ão com os partidos que têm representa­ção na Alesp, para que se dê cumpri-

mento desse acordo antigo. A nossa indicação já está feita, que é a da Janaina”, afirma.

Parlamenta­res de diferentes partidos ouvidos pela Folha avaliam que a reeleição de Macris teria o apoio do governador eleito João Doria (PSDB), consideran­do que o atual presidente foi um dos principais apoiadores da campanha do tucano ao Bandeirant­es.

No entanto, sua presidênci­a é criticada nos gabinetes por ter negligenci­ado contratos, como os da TV Alesp e de manutenção. Também pegou mal o plano de pagar R$ 35 milhões para uma agência de publicidad­e para divulgar a Casa.

Além da insatisfaç­ão, deputados

se preocupam com a possibilid­ade de o PSL chegar à Mesa Diretora, tendo em vista a inexperiên­cia dos deputados da bancada eleita com a atividade parlamenta­r.

É nesse ambiente que Edmir Chedid tenta se viabilizar, discretame­nte. Ele é visto como eficiente e circula bem entre os partidos, inclusive o PT, o que daria mais estabilida­de a Doria no início de governo.

“Não é momento para discussão de candidatur­as à Mesa Diretora, uma vez que ainda faltam quase cinco meses para esta eleição. Nossos esforços nesse momento estão concentrad­os em votar os projetos de interesse do povo

de São Paulo”, diz Macris. em nota. A Folha não conseguiu contato com Chedid. José Serra (2007-2010) e Geraldo Alckmin (2011-2018) —que chegou a ter mais de 70 parlamenta­res em sua base.

Partidos coligados com Doria emplacaram 27 deputados estaduais. Para atingir maioria, precisaria de pelo menos 22 deputados, consideran­do que a Alesp tem 94 cadeiras.

Maior bancada eleita, o PSL deve ficar neutro. O PSB de Márcio França terá o mesmo tamanho que o PSDB (8 deputados) e será independen­te.

Dos partidos da coalizão de França que elegeram bancadas mais significat­ivas, tanto o PR,com 6 deputados, quanto o Podemos, com 4, também descartam ir para a oposição.

“Temos que reunir nossas bancadas para discutir. Com relação ao governo Doria, pode ficar sossegado porque o que for bom para São Paulo, vamos apoiar”, diz o presidente estadual do PR, Tadeu Candelária.

Discurso semelhante tem o cacique Campos Machados (PTB), adversário de Doria: “Eu o respeito e vou torcer para que ele faça um bom governo e para que mantenha São Paulo nos trilhos do desenvolvi­mento, o que, no fundo, é o objetivo de todos nós”.

A dependênci­a de recursos do Executivo em emendas, aposta Barros Munhoz (PSB), deve resumir a oposição ao que sempre foi: PT, PSOL e PCdo B, com 15 deputados.

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