Folha de S.Paulo

Primeiro-ministro de Israel planeja comparecer à posse de Bolsonaro

Caso a viagem se confirme, Netanyahu será primeiro chefe de governo israelense a visitar o Brasil

- Daniela Kresch Oded Balilty - 28.out.18/AFP

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, deve comparecer à cerimônia de posse do presidente eleito, Jair Bolsonaro, em 1° de janeiro. Foi o que o próprio Netanyahu disse a Bolsonaro em conversa telefônica na segunda-feira (29) para parabenizá-lo pela vitória nas eleições do último domingo (28).

Se comparecer, Netanyahu será o primeiro premiê israelense a visitar o Brasil desde a criação do país, em 1948.

Há pouco mais de um ano, em setembro de 2017, Netanyahu fez uma turnê na América Latina passando por Argentina, Colômbia e México. Segundo fontes ouvidas pela Folha, o Brasil não foi incluído na ocasião porque Netanyahu preferiu esperar as eleições presidenci­ais no país.

Na mesma conversa com Bolsonaro, Netanyahu convidou o presidente eleito para visitar Israel e recebeu do capitão reformado a promessa de que iria assim que a saúde melhorar. Durante a campanha eleitoral, Bolsonaro afirmou que sua primeira viagem oficial, se eleito, seria a Israel.

“Tenho certeza de que sua eleição levará a uma grande amizade entre nossos povos e ao estreitame­nto dos laços entre o Brasil e Israel. Aguardamos sua visita a Israel”, disse Netanyahu, em nota oficial.

Em sua conta no Facebook, Bolsonaro registrou a conversa com Netanyahu, afirmando que os “laços de amizade se traduzirão em acordos onde nossos povos serão os maiores beneficiad­os”.

Segundo o embaixador de Israel no Brasil, Yossi Shelley, a conversa foi mais do que amigável: “Foi uma conversa excelente, aberta, entre amigos. Eles se encontrara­m apenas uma vez em Israel, há dois anos e meio, mas era possível sentir que havia um calor que é mais do que uma conversa de cortesia. Foi possível sentir que havia uma química”.

A questão da transferên­cia da embaixada do Brasil de Tel Aviv para Jerusalém —seguindo o passo do presidente americano, Donald Trump— não foi levantada. Mas há certa expectativ­a de que a medida seja tomada, no futuro.

“É ainda cedo para falar disso”, disse Yossi Shelley. “Vamos deixar que ele tome posse e forme seu governo”

O embaixador, que visitou Jair Bolsonaro horas depois da vitória nas urnas, na segunda (29), contou que Netanyahu brincou afirmando que seu filho também se chama Jair (o nome do filho mais velho do premiê israelense é Yair).

“Não há dúvida de que haverá uma mudança (no relacionam­ento entre Brasil e Israel)”, disse Shelley. “Acho que quem escutou o seu discurso de vitória entende que ele vai mudar sua política externa. Israel é importante para o novo presidente porque ele disse isso em todos os momentos possíveis. Há uma simpatia em relação a Israel”.

Bolsonaro esteve Israel em maio de 2016 em uma visita organizada pelo ex-candidato à presidênci­a Pastor Everaldo. Bolsonaro estava acompanhad­o de dois filhos, Eduardo e Flávio.

Ele foi recebido pelo presidente do Parlamento, Yuli Edelstein. Já naquele momento, Bolsonaro afirmou que, se eleito presidente, sua primeira visita oficial seria a Israel.

Durante o governo Dilma Rousseff, o relacionam­ento diplomátic­o entre Brasil e Israel foi afetado. Em 2014, durante conflito entre Israel e o grupo islâmico Hamas, que controla a faixa de Gaza, o então ministro das Relações Exteriores do Brasil, Luiz Alberto Figueiredo, chamou para consultas o embaixador em Tel Aviv, Henrique Sardinha Filho. Em reação, o então porta-voz da chancelari­a de Israel, Yigal Palmor, qualificou o Brasil de “anão diplomátic­o”.

Em agosto de 2015, Dilma não aceitou as credenciai­s do candidato ao cargo de embaixador em Brasília, Dani Dayan, por ele ter liderado um conselho de colonos judeus nos território­s palestinos.

No governo Luiz Inácio Lula da Silva, o relacionam­ento não passou por muitas turbulênci­as. Lula visitou o país, mesmo que tenha se recusado a colocar uma coroa de flores no túmulo do “pai” do sionismo, Theodor Herzl, o que causou em certo mal-estar.

Por outro lado, Lula aceitou colocar flores no túmulo de ex-presidente palestino Iasser Arafat, em Ramallah (Cisjordâni­a).

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O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, participa de reunião de gabinete em Jerusalém

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