Colômbia não quer ação militar na Venezuela, diz ministro
O chanceler colombiano, Carlos Holmes Trujillo, declarou à Folha nesta terça (30) que o diplomata de alto escalão que falou à reportagem sobre uma eventual intervenção na Venezuela a fim de desestabilizar o regime de Nicolás Maduro foi repreendido.
Segundo Holmes Trujillo, há uma ala no governo que defende a intervenção, e portanto a hipótese descrita pela fonte é correta. Mas, por ora, esses não são os planos atuais do presidente Iván Duque.
Reportagem da Folha publicada na segunda (29) mostrou que uma fonte diplomática colombiana afirmou que Duque estaria disposto a apoiar uma ação militar contra o ditador Nicolás Maduro caso o presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro (PSL), ou o governo do americano Donald Trump tomassem a iniciativa. Trump já aventou a hipótese no passado, mas foi demovido da ideia por membros de seu gabinete.
Após a publicação da reportagem, o próprio Holmes Trujillo publicou um vídeo no qual dizia que o governo Duque não mantinha tais planos. Ao ver o vídeo com um dia de atraso, o presidente eleito, Jair Bolsonaro, escreveu em suas redes sociais de que se tratava de “fake news” da Folha.
Do lado brasileiro, o futuro ministro da Defesa de Bolsonaro, general Augusto Heleno, rechaçou a possibilidade de o Brasil participar de um plano militar para desestabilizar Maduro, qualificando-a de antidemocrática.
A cacofonia reflete uma divisão no governo colombiano a respeito de como agir em relação à crise no país vizinho, que já causou o êxodo de 1,9 milhão de venezuelanos em dois anos, a maioria dos quais fugiu para a própria Colômbia.
Uma ala ligada ao ex-presidente Álvaro Uribe, padrinho político de Duque, deseja uma ação mais dura, que poderia incluir sanções ou uma intervenção militar. Outra parte do governo prefere seguir a via diplomática.
Até o momento, o presidente vem se equilibrando entre as duas vertentes.