Agronegócio racha, e ONGs temem desmatamento
Os futuros ministros de Bolsonaro, Onyx e Guedes, disseram ainda que os planos para a Agricultura e o Meio Ambiente foram mantidos.
“Agricultura e Meio Ambiente estarão no mesmo ministério, como desde o primeiro momento”, afirmou Onyx. Bolsonaro, porém, chegara a admitir na semana passada que essa decisão poderia ser revista.
O futuro ministro negou que o presidente eleito tenha mudado de planos: “Ninguém recuou nada”.
Coordenador da transição, Onyx disse que restarão entre 15 e 16 ministérios —hoje são 29. Demais nomes não foram divulgados.
A fusão, porém, não é consenso no agronegócio.
Para alguns, a medida vai levar para a agricultura problemas específicos da área ambiental, como pautas de setores industriais —químicaemineração,porexemplo. “É um equívoco”, disse o deputadoArnaldoJardim(PPSSP),ex-secretáriodeAgricultura do estado de São Paulo.
“Trazer o Ministério do Meio Ambiente para o âmbito da Agricultura é deixar de ter o foco onde ele precisa estar: nos centros urbanos. A agricultura tem suas regras ambientais, e um dos exemplos é que, cada vez mais, gera energia limpa para o país”, afirmou.
Para outros, já que Bolsonaro quer reduzir o número de ministérios, a medida pode ser um caminho.
O presidente da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso), Antonio Galvan, concorda com a união. “A questão ambiental virou ideologia interna, que tenta atrapalhar nosso trabalho.”
Segundo ambientalistas, a fusão deve provocar aumento de desmatamento, violência no campo e emissão de gases estufa.
“A previsão de que o ambiente iria sofrer começa a se confirmar dois dias depois da eleição”, afirmou Carlos Rittl, secretário-executivo da ONG Observatório do Clima.
“É o pior cenário possível”, disse Paulo Artaxo, climatologista da USP.
“Agora os ruralistas têm a certeza da impunidade.”
Márcio Astrini, coordenador de políticas públicas do Greenpeace, afirmou que, quando o anúncio da fusão foi feito pela primeira vez, setores importantes do agronegócio demonstraram preocupação.
“Tratar o ambiente dessa forma leviana vai trazer prejuízo, principalmente econômico. Vai mexer com o emprego das pessoas, na situação em que o país já está”, disse Astrini.