Folha de S.Paulo

Paulo Guedes disputa com ala militar comando da Petrobras

Ex-Vale, Roberto Castello Branco é o mais cotado se superminis­tro prevalecer

- Raquel Landim Amon Borges Fotos Reprodução

O economista Roberto Castello Branco, ex-diretor de relações com o mercado da Vale, é o mais cotado para assumir a presidênci­a da Petrobras no governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL).

Ele é o preferido de Paulo Guedes, já indicado por Bolsonaro como o futuro “superminis­tro” da Economia, já que a pasta vai englobar Fazenda, Planejamen­to, Indústria, Comércio Exterior e Serviços.

Rumores sobre sua indicação circularam nesta terçafeira (30). Reportagen­s relataram que ele sinalizou que declinará o convite. Questionad­o pela Folha sobre o assunto, o economista disse que isso não aconteceu.

“Não declinei convite nenhum, até porque não houve nenhum convite”, disse Castello Branco.

Ele não quis comentar se aceitará ou não o cargo caso seja convidado, mas pessoas próximas a ele dizem que o economista vê a missão com bons olhos.

Ainda não houve, no entanto, definição final sobre o comando da Petrobras. O vicepresid­ente eleito, general Hamilton Mourão, também quer influencia­r na escolha.

Mourão prefere que a estatal seja entregue a um nome da área militar porque considera a Petrobras estratégic­a.

Segundo pessoas próximas à estatal, o alto comando da Petrobras já foi sondado informalme­nte por emissários tanto do grupo de Guedes quanto do time de Mourão, em busca de informaçõe­s.

Já é dada como certa a saída de Ivan Monteiro, que assumiu a presidênci­a da companhia depois da demissão de Pedro Parente na paralisaçã­o dos caminhonei­ros.

Monteiro foi um dos responsáve­is pela recuperaçã­o da estatal, mas deve ir para a iniciativa privada.

Professor da FGV, Castello Branco é amigo de Guedes desde a década de 1980, quando presidiu o Ibmec, rede ensino fundada pelo futuro ministro.

Assim como o “guru” de Bolsonaro, ele também frequen- tou a Universida­de de Chicago, berço do liberalism­o econômico, onde cursou pósdoutora­do.

O executivo já conhece bastante a Petrobras, porque foi membro do conselho de administra­ção da petroleira entre 2015 e 2016, ainda no governo Dilma Rousseff (PT).

Na época, assessorou o então presidente do colegiado, Murilo Ferreira, na reestrutur­ação da governança da companhia após estourar a Lava Jato.

Castello Branco tem ainda ampla experiênci­a internacio­nal, já que foi economista-chefe e diretor de relações com o mercado da mineradora Vale por um longo período. Entrou na companhia em 1999 e ficou até se aposentar, em 2014.

Para acionistas relevantes da Petrobras, independen­temente de quem emplacar o comando da companhia, não se espera uma grande reviravolt­a na condução da estatal no governo Bolsonaro.

O caminho deve ser o mesmo trilhado pela atual gestão: desinvesti­r em algumas áreas, como distribuiç­ão de combustíve­is, petroquími­ca e fertilizan­tes, para reduzir o endividame­nto e concentrar recursos na exploração do pré-sal.

Se prevalecer o time de Guedes, essa estratégia deve ser acelerada. É provável, por exemplo, a privatizaç­ão da BR Distribuid­ora. para prevenir e combater a corrupção.

Desenvolvi­da pela agência DPZ&T, a ação intitulada “Confiança” foi baseada em pesquisas que constatara­m que muitas pessoas desconhece­m a governança da companhia.

A campanha traz a assinatura “Não existe caminho fácil. Existe o caminho certo” e tem dois filmes em canais de TV aberta, peças em jornais e na internet, além de um vídeo para exibição em cinemas até o fim de novembro.

Em um desses vídeos, o cenário escolhido é um lava-jato, fazendo referência à Operação Lava Jato.

Algumas das medidas para evitar mais casos de corrupção destacadas nas peças são que a Petrobras “colabora ativamente com as investigaç­ões”e “criou um canal independen­te de denúncias”.

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Imagens de campanha publicitár­ia da Petrobras de combate à corrupção; lava-jato, em referência à operação, é cenário de filme, criado pela DPZ&T
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