Novo governo vai esfacelar o Mercosul, diz chanceler de Lula
O ministro das Relações Exteriores do governo Lula (2003-2010), Celso Amorim, criticou a declaração do futuro ministro da Economia de Jair Bolsonaro, Paulo Guedes, segundo quem o Mercosul não será prioridade.
Segundo o diplomata, “essa pessoa não tem sensibilidade” para o fato de que as relações econômicas têm impacto na construção da paz.
Para Amorim, “o que o Brasil quer fazer é um ‘brexit’, só que com o maior saindo”. “Vai esfacelar o Mercosul. Será um desserviço à paz”, disse Amorim, lembrando que o Mercosul representa 25% das exportações dos manufaturados brasileiros.
O setor automotivo tenta demonstrar tranquilidade após a declaração de Guedes.
“Argentina e Brasil têm relações muito sólidas, não acredito que algo venha a causar qualquer tipo de interferência”, diz Marco Silva, presidente da Nissan do Brasil.
O executivo afirma que cerca de 20% da produção nacional da Nissan vai para a Argentina. A fábrica da montadora fica em Resende (RJ), onde são feitos os modelos Kicks, March e Versa.
Segundo Silva, carros produzidos no vizinho chegarão ao Brasil em maior volume a partir de 2019. “Depois do investimento que fizemos em Córdoba, acreditamos que essa dependência mútua será ainda mais consolidada.”
O presidente da Nissan se refere ao início da produção da picape Frontier na fábrica de Santa Isabel, um investimento de US$ 600 milhões (R$ 2,2 bilhões) com capacidade para montar 70 mil unidades por ano. Cerca de 50% da produção será voltada à exportação, sendo o Brasil o principal mercado.
Ricardo Bastos, diretor de assuntos governamentais da Toyota, também minimiza as declarações de Guedes.
“A possibilidade de maior flexibilidade para o bloco ou os países poderem fazer negociações bilaterais pode ocorrer sem ruptura da integração já alcançada entre os membros.”
A Toyota produz a picape Hilux e o utilitário SW4 na fábrica de Zárate.