Folha de S.Paulo

Bolsa avança mais de 3% com anúncio de superminis­térios

- Tássia Kastner

O anúncio dos superminis­térios do governo de Jair Bolsonaro (PSL) e a afirmação do presidente eleito de que gostaria de ver o atual governo aprovar ainda neste ano a reforma da Previdênci­a levaram a Bolsa brasileira ao maior patamar de fechamento desde março. O dólar encerrou o dia em pequena queda.

Durante a tarde desta terça (30), dois dos ministros confirmado­s de Bolsonaro, Paulo Guedes (Economia) e Onyx Lorenzoni (Casa Civil), afirmaram que o presidente eleito decidiu manter o plano de criar o superminis­tério da Economia. Junção de Fazenda, Planejamen­to e Indústria e Comércio Exterior, será comandado por Guedes.

Além disso, foi confirmada a junção do Ministério da Agricultur­a com o Meio Ambiente.

As duas junções foram prometidas em campanha, mas Bolsonaro chegou a considerar revê-las.

“Essa fusão dos ministério­s, com a Agricultur­a comendo o Meio Ambiente e com o superminis­tério da Economia, é um sinal bem-visto pelo mercado financeiro”, diz José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do banco Fator.

O mercado viu também com otimismo a afirmação de Bolsonaro, em entrevista na segunda (29) à noite, de que trabalhari­a pela aprovação da reforma da Previdênci­a do governo Temer ainda neste ano. Durante a campanha, Bolsonaro e Lorenzoni disseram que isso não deveria ocorrer.

“Além de reconhecer a importânci­a de fazer uma reforma rapidament­e, o fato [a fala de Bolsonaro] indica uma vitória política do guru econômico Paulo Guedes sobre outro nome importante na equipe de Bolsonaro, o deputado Onyx Lorenzoni, que disse mais de uma vez que é contra aprovar a reforma de Temer ainda em 2018”, escreveu a Guide em relatório.

Para a equipe da XP, o interesse em pautar a reforma é o ponto principal para o mercado. “O comprometi­mento com a agenda econômica e priorizaçã­o dela é um forte sinal na direção do mercado, mesmo que a execução disso ainda seja complexa em 2018.”

O Ibovespa, principal índice acionário do Brasil, avançou 3,68%, a 86.885 pontos. O giro financeiro foi de R$ 20,6 bilhões, acima da média diária do ano.

No exterior, as Bolsas americanas voltaram a subir e terminaram em alta de mais de 1%.

Já a valorizaçã­o no mercado local foi puxada por Petrobras, que ganhou quase 6%, Eletrobras, e o setor bancário, que também registrou alta expressiva nesta terça.

Por fim, a Vivo foi destaque no pregão, com alta de mais quase 15%. Os papéis da companhia foram impulsiona­dos pelo cresciment­o de 160% no lucro no terceiro trimestre deste ano, quando comparado com igual período de 2017.

Enquanto a Bolsa subia com força, o dólar teve mais um dia de forte volatilida­de. A moeda americana fechou em queda de 0,37%, a R$ 3,6920 —de uma cesta de 24 emergentes, o real foi a segunda que mais ganhou força sobre a divisa dos EUA.

O mercado acompanhou as declaraçõe­s de Guedes sobre o uso das reservas internacio­nais, que somam US$ 380 bilhões. Reportagem do Valor Econômico informou que o futuro ministro quer reduzir esse saldo.

Nesta terça, porém, Guedes negou e disse que elas seriam utilizadas apenas se o dólar chegasse a R$ 5.

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