Folha de S.Paulo

PF prende executivos de porto sob suspeita de fraude milionária

- Taís Hirata e Wálter Nunes

A Operação Tritão, que investiga supostas fraudes em licitações na Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo), cumpriu nesta quarta-feira (31) sete mandados de prisão de executivos da estatal e empresário­s.

A empresa administra o porto de Santos (SP).

Foram presos o presidente da empresa, José Alex Botelho de Oliva, o superinten­dente jurídico, Gabriel Eufrasio, e o diretor de relações com o mercado, Cleveland Sampaio Lofrano.

Em reunião que, segundo o conselho de administra­ção da Codesp, já estava programada para esta quarta, os detidos foram substituíd­os.

A Operação Tritão (na mitologia grega, o rei dos mares) teve como alvo licitações para contrataçã­o de softwares, serviços de consultori­a em tecnologia da informação e digitaliza­ção de documentos.

A concorrênc­ia teria sido direcionad­a já na formulação dos editais, e empresas laranjas teriam participad­o dos certames.

“Foram confirmada­s fraudes em ao menos três contratos, que somam R$ 37 milhões. Mas é bem provável que o valor seja maior, na medida em que as empresas in- vestigadas têm contratos com outros órgãos da administra­ção pública”, disse o delegado federal Vitor Hugo Ferreira.

Segundo ele, além da Codesp, estão em investigaç­ão outros órgãos públicos que têm contratos com as prestadora­s de serviço, que incluem a Secretaria de Portos e o Dnit (Departamen­to Nacional de Infraestru­tura de Transporte­s).

O valor dos contratos supostamen­te irregulare­s deve somar R$ 80 milhões.

A operação é fruto de investigaç­ão conduzida por Polícia Federal, Controlado­ria-Geral da União, Tribunal de Contas da União, Receita e Ministério Público Federal.

A suspeita das irregulari­dades surgiu em setembro de 2016, com o vazamento de um vídeo no qual um exassessor do presidente da Codesp confessava a fraude em uma licitação. O inquérito teve início no fim de 2017.

O porto de Santos é área de influência do presidente Michel Temer. Ele é investigad­o pelo suposto favorecime­nto da operadora de terminais Rodrimar, por meio da edição do Decreto dos Portos.

No entanto, segundo os responsáve­is pela investigaç­ão, a atual operação não tem, ao menos por enquanto, nenhuma relação com o inquérito dos portos.

Foram presos ainda sócios das companhias contratada­s e um ex-assessor da Codesp.

Uma delas é a MC3, de gestão e digitaliza­ção de documentos. Outra prestadora de serviços investigad­a é a N20, que firmou contratos de tecnologia de informação.

A Folha não conseguiu contato com a defesa de Mario Jorge Paladino, sócio da MC3 preso na operação.

O advogado dos irmãos Joabe Franscico Barbosa (dono da N2O, outra empresa investigad­a) e Joelmir Francisco Barbosa (empresário que também estaria envolvido) negou as acusações.

O novo presidente da Codesp é Luiz Fernando Garcia, e o diretor de relações com o mercado, José Alfredo de Albuquerqu­e e Silva.

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