Folha de S.Paulo

Como ministério­s, estamos fundidos

Bolsonaro anuncia fusão de jornalismo com assessoria de imprensa

- Renato Terra Roteirista e autor de ‘Diário da Dilma’. Dirigiu o documentár­io ‘Uma Noite em 67’

Exultante, Bolsonaro ainda estuda a fusão da Ponte Preta com o Guarani e de Moraes Moreira com Alceu Valença.

Exultante com a fusão de pastas para a criação dos superminis­térios da Economia e da Justiça, o presidente eleito Jair Bolsonaro resolveu aplicar a mesma lógica em diversos setores da sociedade.

“Eu dei o primeiro tiro de alerta contra a Folha quando ameacei cortar a propaganda governamen­tal de quem insistir em fazer jornalismo. Ficou o recado para os demais veículos, tá OK? Mas sou um humilde cordeiro de Deus e achei que a ideia poderia ser aperfeiçoa­da”, ponderou.

“Consultei Alexandre Frota, que sabe fundir como ninguém, e decidi pela fusão do jornalismo com assessoria de imprensa”, concluiu.

Sem camisa, Frota completou: “É isso aí: menos Brasília, mais Brasileiri­nhas”.

Em seguida, o capitão reformado pendurou na parede um quadro de Romero Britto em que se via o desenho estilizado de uma capa da Folha.

Assim que terminou de anunciar a fusão do jornalismo com assessoria de imprensa, o exemplar desceu pela moldura e foi triturado.

Com a fusão, Bolsonaro acredita na alternânci­a democrátic­a de notícias e releases.

“Depois do advento do WhatsApp, não precisamos mais da imprensa para ler fake news”, justificou, enquanto posava com crianças carentes para um ensaio fotográfic­o a ser publicado no portal R7.

Confrontad­o com suas críticas ao projeto de Controle Social da Mídia proposto pelo PT, ele foi enfático: “O grande problema ali era o uso da palavra ‘social’. Isso é atitude de bolivarian­o e a gente não vai tolerar. Controle da mídia tem que ser autocrátic­o, moderno”.

Ao comentar a união dos ministério­s da Agricultur­a com Meio Ambiente, o presidente eleito também anunciou a fusão de índio com quilombola e de sapo com jacaré.

“Assim a gente ganha espaço para liberar as terras para que a privatizaç­ão da Amazônia aconteça dentro da lei”, explicou.

Paulo Guedes confirmou que Bolsonaro ainda estuda a fusão da Ponte Preta com o Guarani, de Moraes Moreira com Alceu Valença e do biscoito Globo com o jornal O Globo.

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Estamos trabalhand­o há 233 dias sem saber quem matou —e quem mandou matar— Marielle Franco.

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Débora Gonzales

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