Folha de S.Paulo

Processos ficarão provisoria­mente com colega de Vara Federal

- José Marques e Estelita Hass Carazzai

Aos 46 anos e com 20 de exercício de magistrado federal, Sergio Moro deve pedir exoneração do cargo para assumir o Ministério da Justiça e Segurança Pública no governo Jair Bolsonaro (PSL), como anunciado nesta quarta (1º).

É vedado a ele pela Constituiç­ão ocupar outro cargo que não seja o de magistrado. Moro tem que deixar o posto de juiz para ocupar a pasta no governo federal.

Oficialmen­te, ele deixará de ser juiz quando sua exoneração for publicada no Diário Oficial. Deixará de receber R$ 28,9 mil brutos, mais auxílios no valor de R$ 5.000, para ter um salário de ministro de R$ 30,9 mil. Se quiser, pode solicitar auxílio-moradia e ajudas de custo.

De início, quem ficará responsáve­l pela 13ª Vara Federal de Curitiba, onde estão os processos criminais da Lava Jato, será a juíza substituta Gabriela Hardt, 42.

Ela já atuou em casos da operação, como ao determinar a prisão do ex-ministro José Dirceu em maio deste ano. Na época, Moro estava em Nova York, onde recebeu homenagem na Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos e foi fotografad­o ao lado de João Doria (PSDB), então prefeito de São Paulo e agora governador eleito.

Os processos da Lava Jato não serão distribuíd­os a outros juízes e ficarão com ela até que um novo juiz titular esteja na vara. Hardt deve ser a responsáve­l pelo interrogat­ório do ex-presidente Lula na ação do sítio de Atibaia, no próximo dia 14.

Depois, a Justiça Federal da 4ª Região, que abrange os três estados do Sul, irá abrir um edital para que magistrado­s que desejarem ir para a vara da Lava Jato se candidatem. Caso haja interesse, o juiz mais antigo será o escolhido para o cargo.

Respectiva­mente, os três juízes federais mais antigos da 4ª Região, atualmente, são Luiz Antonio Bonat (Curitiba), Tais Schilling Ferraz (Porto Alegre) e Marcelo de Nardi (Porto Alegre).

No entanto, mesmo que nenhum desses esteja interessad­o, há muitas possibilid­ades de preenchime­nto da vaga: são 233 juízes titulares na região.

Caso nenhum juiz titular se ofereça para a 13ª Vara, o cargo ficará disponível para um substituto, como Hardt, que deseje ser promovido ao posto. Nesse caso, além de antiguidad­e, há outro critério que pode ser considerad­o: o de mereciment­o.

Se for considerad­a a antiguidad­e, Hardt sai em desvantage­m: ela é a 77ª juíza substituta mais antiga.

Gabriela Hardt se formou pela Universida­de Federal do Paraná, onde Moro dava aulas, e é juíza federal substituta desde 2009. Antes, foi servidora do Judiciário.

“Eu entrei na carreira de juiz federal um pouco mais tarde que o habitual. Entrei já com 34 anos e com família formada. Já tinha minhas filhas e meu marido já tinha profissão consolidad­a”, disse, em entrevista à Ajufe (associação dos juízes federais) no ano passado.

Ela começou a trabalhar como magistrada na cidade de Paranaguá, no litoral paranaense. Foi, ainda, corregedor­a da penitenciá­ria federal de Catanduvas.

Lá, lidava com presos perigosos, como líderes de facções de tráfico de drogas.

Em 2014, voltou a Curitiba, onde passou a substituir Moro na 13ª Vara Federal.

Atlética, competiu em circuitos de maratona aquática. Hardt também pratica corrida e joga vôlei.

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Reprodução/Facebook A juíza substituta Gabriela Hardt, da Justiça Federal no Paraná

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