Folha de S.Paulo

Bolsonaro promete apoio à venda da Embraer

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RIO DE JANEIRO O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), prometeu apoiar acordo entre a americana Boeing e a brasileira Embraer.

Ele afirmou nesta quintafeir­a (1º) que no seu governo pode vender áreas da Petrobras e buscar parcerias para a empresa manter seus investimen­tos.

O acordo entre Boeing e Embraer está em discussão pelas duas empresas há meses, e o governo Michel Temer esperava a definição da eleição presidenci­al para apresentar o projeto e encaminhar a parceria.

“A fusão da Embraer com a Boeing continua sem problema algum e sim [vou avalizar]”, disse Bolsonaro a jornalista­s em sua primeira entrevista como presidente eleito.

Antes da eleição de Bolsonaro, o ministro da Defesa, general Joaquim Silva e Luna, havia dito à Reuters que a parceria seria levada ao grupo de transição para que fosse analisada e aprovada ainda neste governo.

Após a eleição, o futuro ministro da Defesa, general da reserva Augusto Heleno, afirmou também que via com bons olhos o acordo entre as duas companhias, mas que pretendia conhecer os termos do que está para ser selado.

O governo tem uma “golden share” na Embraer, que lhe dá poderes para aprovar e vetar temas estratégic­os para a empresa.

Bolsonaro disse ainda que em seu governo vai buscar parcerias para a Petrobras continuar sustentáve­l e capaz de fazer os investimen­tos necessário­s. A empresa foi um dos principais alvos de corrupção descoberto­s pela Operação Lava Jato.

“A Petrobras não tem mais capacidade de investir, então tem de buscar fazer parcerias e vender algumas áreas”, disse Bolsonaro, ao lembrar que o tempo de vida da energia fóssil pode estar com contado com as novas tecnologia­s.

O presidente eleito afirmou que pretende manter o calendário de leilões de blocos de petróleo em seu futuro governo, como reivindica o setor.

Sobre a reforma da Previdênci­a, Bolsonaro reconheceu que é difícil os parlamenta­res aprovarem nas semanas que restam de trabalho neste ano as mudanças na aposentado­ria.

“Dá para aproveitar alguma coisa [da proposta]”, disse.

“Ninguém quer fazer maldade com ninguém, mas algumas reformas nós temos que obviamente tentar fazêlas, da Previdênci­a é uma. E não é a proposta inicial como o Temer quis lá, mas dá para aproveitar alguma coisa dela.”

Bolsonaro disse que vai analisar melhor a última versão da reforma da Previdênci­a e que na próxima semana estará mais a par para tratar da tentativa de votação.

“Eu sei que é quase que uma ressaca depois das eleições, o Parlamento fica esvaziado, quem perdeu a eleição está mais afastado de Brasília, quem ganhou está comemorand­o, então tem essa dificuldad­e para conseguir um quórum qualificad­o para aprovar uma proposta de emenda à Constituiç­ão”, disse.

Para ser aprovada, uma PEC precisa dos votos de 308 dos 513 deputados em dois turnos de votação e 49 dos 81 senadores, também em dois turnos de votação.

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