Folha de S.Paulo

Com otimismo pós-eleição, Bolsa de SP atinge recorde

Perspectiv­as para governo Bolsonaro, balanços e exterior impulsiona­m negócios

- Tássia Kastner

são paulo A Bolsa brasileira fechou na máxima histórica no último pregão da primeira semana após a eleição de Jair Bolsonaro para presidente do país.

O exterior positivo e os bons resultados de empresas brasileira­s também ajudaram a conduzir o Ibovespa para o recorde. O dólar fechou em leve queda.

O Ibovespa, principal índice acionário do país, avançou 1,13%, para 88.419 pontos. O recorde anterior, de 87.652 pontos, havia sido registrado em 26 de fevereiro de 2018, segundo a B3. Na máxima do dia, chegou a valer 89.017 pontos, e o volume financeiro somou R$ 18,8 bilhões.

Na semana, a Bolsa subiu 5,52%. Esta sexta-feira é feriado do Dia de Finados, e não haverá pregão.

O mercado financeiro segue otimista com a perspectiv­a de reformas que devem ser propostas pelo governo Bolsonaro, ainda que nesta quinta o noticiário tenha se voltado à indicação do juiz Sergio Moro para o ministro da Justiça no novo governo.

Já o ruído sobre a fusão de ministério­s atrai a atenção de analistas, mas não o suficiente para mudar a direção do mercado, afirma Alexandre Espírito Santo, da Órama Investimen­tos.

“Se for dizer que mercado não está olhando, é mentira, mas não acho que seja fator limitador para as pessoas que queiram comprar [ações] comprarem”, diz Espírito Santo.

Nesta quinta-feira, Bolsonaro recuou da fusão dos ministério­s da Agricultur­a e Meio Ambiente, dois dias após o anúncio de que seriam uma única pasta.

Já a XP escreveu em relatório que, “apesar da falta de or- ganização ainda vista, vemos espaço para que o governo una frente de apoio no Congresso, que seria crucial para a aprovação das reformas”.

Espírito Santo acrescenta que o mercado trabalhava com um primeiro alvo de 90 mil pontos para o Ibovespa, após a vitória do capitão reformado, e que esse nível foi praticamen­te atingido.

Nesta quinta, a alta foi motivada por bom desempenho das ações do Bradesco, que avançaram mais de 5%. O segundo maior banco privado do país divulgou resultados do terceiro trimestre, com cresciment­o de 14% no lucro (leia na pág. A17).

Os papéis da Gol subiram mais de 4%, apesar de a empresa ter reportado prejuízo maior que o esperado pelo mercado.

A Bolsa local também foi beneficiad­a por um dia mais benigno no exterior, depois de um mês de outubro majoritari­amente negativo em Nova York e para os mercados europeus. Nesta quinta, as Bolsas americanas subiram mais de 1%.

Para Espírito Santo, no entanto, o mercado ainda deverá passar por períodos de queda, para realização (embolsar) de lucros.

“É preciso parar para abastecer”, compara.

O dólar caiu 0,45% e encerrou a R$ 3,6940, em um dia que foi favorável a emergentes no exterior. De uma cesta de 24 divisas emergentes, o dólar perdeu força sobre 22 delas.

O otimismo com o governo Bolsonaro que contagia a Bolsa não tem sido capaz de alterar o patamar o dólar, que se consolida ao redor dos R$ 3,70.

Logo após o fim da eleição, analistas chegaram a cogitar que a moeda caminharia para abaixo dos R$ 3,60, o que não se sustentou ao longo da semana.

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Brendan McDermid/Reuters Bolsa de Nova York, que teve dia positivo
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