PAINEL DO LEITOR Bolsonaro e a imprensa
Cartas para al. Barão de Limeira, 425, São Paulo, CEP 01202-900. A Folha se reserva o direito de publicar trechos das mensagens. Informe seu nome completo e endereço
Ministro Moro
Sergio Moro como ministro da Justiça sinaliza que finalmente um governo quer combater de fato o crime organizado e a evasão de divisas. Moro, além de ser um símbolo anticorrupção, é preparado e tem compromissos republicanos. Com o apoio de Bolsonaro, ele pode fazer um bom trabalho, uma vez que o Ministério da Justiça, a Polícia Federal, o Coaf e a secretaria de combate à corrupção ficarão sob seu controle. Sergio Moro é uma escolha certeira de Bolsonaro.
Luiz Tadeu Nunes e Silva (São Luís, MA)
A pressa com que Sergio Moro aceitou o convite de Bolsonaro apenas exacerbou sua vaidade e arrogância e evidenciou sua índole de direita. A Folha elogiou seu histórico na Lava Jato para não desconstruir a lenda do “profissional sóbrio que aplicou a lei com rigor” (“A guinada do juiz”, Opinião, 1º/11). Mostrar o que de fato é Moro fatalmente desnudaria a cumplicidade da mídia com seus abusos, transgressões e outros segredos obscuros.
José Zimmermann Filho
(São Paulo, SP)
Sergio Moro ocupará o Ministério da Justiça e temos a certeza de que, pelo seu caráter e convicção, não se deixará seduzir pelo poder. Respeitará o pensamento dos milhões de brasileiros que o têm como homem sério e comprometido no combate aos desmandos da nação. Orson Mureb Jacob (Assis, SP)
Qualquer juiz da terra, digno do cargo, jamais aceitaria fazer parte do governo de um dirigente que, no plenário da Câmara, disse que não estupraria uma colega de trabalho por ela ser feia demais. Esta concessão ao inaceitável apagará para sempre toda a carreira pregressa do juiz Moro, que cairá numa vala comum e será péssimo exemplo para toda a sociedade e o país. Antonio Camargo (São Paulo, SP)
A presença de Moro no futuro governo em nada afeta a credibilidade da Lava Jato. Quando Moro julgou os casos sob sua responsabilidade, ninguém sonhava que Bolsonaro viesse a ser presidente. Muito menos que convidaria Moro para compor o seu ministério. Moro, como ministro de Bolsonaro, não é, nem de longe, o mesmo que Toffoli julgando Dirceu, algo que o atual presidente do STF julgou não ter problema algum. Jorge Nurkin (São Paulo, SP)
O vice-presidente eleito disse que Sergio Moro foi convidado durante a campanha por Paulo Guedes para participar do futuro governo de Bolsonaro (“Em encontro, Bolsonaro vai oferecer superpasta da Justiça a Sergio Moro”, Poder, 1º/11). A campanha começou nas ruas em 16 de agosto. Após 45 dias, Moro levantou o sigilo da delação de Palocci, que potencialmente prejudicou o adversário petista. Quando houve esse contato entre o juiz da Lava Jato e Paulo Guedes?
(São Paulo, SP) André Sposito Mendes
Sergio Moro como ministro da Justiça é uma decisão acertada do presidente Bolsonaro. Não podemos perder a esperança. Surge uma luz no fim do túnel.
Devanir Amâncio (São Paulo, SP)
Ao aceitar o convite de Bolsonaro para ser ministro, Moro se verá obrigado a abandonar o juízo. Paulo A. Nussenzveig (São Paulo, SP) Quem realmente tem condições de tratar sobre a continuidade do jornal são os seus milhares de leitores. Mais do que nunca é imprescindível a existência de jornais como a Folha para a manutenção e a consolidação da democracia. Reginaldo da Silva Vieira (Jandira, SP)
Como leitor assíduo e assinante da Folha, estou certo de que foi exagerado dizer que, “por si só, esse jornal se acabou” (“Fala de Bolsonaro sobre a Folha é alvo de repúdio de entidades”, Poder, 31/10). Todavia, era evidente o viés antibolsonarista assumido pela Folha no período que antecedeu o segundo turno, dando-lhe um caráter um pouco panfletário. Acredito na imprensa livre e também na liberdade de as pessoas dizerem o que pensam, desde que seja a verdade.
(São Paulo, SP) José Pedro Domezi
Já sou assinante da Folha digital, mas vou assinar também a versão impressa. O jornal sempre será a voz da verdade. Sandra Camargo (Andradina, SP)
A Folha transforma-se cada vez mais num jornal petista e panfletário, tal como os boletins dos diretórios acadêmicos das universidades federais, onde impera o anacrônico e obtuso fundamentalismo esquerdista. Túllio Marco Soares Carvalho (Belo Horizonte, MG)
Policiais em universidades
Somente ideias podem invadir universidades e escolas. Unânime, a decisão do STF é um marco da resistência democrática e constitucionalista pela condenação às incursões violentas de milícias da extrema direita nas salas de aula e campi universitários (“Ações em universidades feriram a liberdade de manifestação, diz STF”, Cotidiano, 1º/11). Espera-se uma urgente e exemplar punição aos criminosos. Caio Magri, sociólogo (São Paulo, SP)
O que vai acontecer com os juízes que autorizaram as ações nas universidades.
Serão punidos pela interpretação inadequada da lei? Arnaldo Vieira da Silva (Aracaju, SE)
Reivindicação
É revelador que o presidente eleito carregue como marca da sua biografia a insubordinação às condições ruins de trabalho e de baixos salários (“Cadete: ides comandar, aprendei a obedecer”, Tendências / Debates, 1º/11) —um traço inusitadamente comum às entidades que lutam pelos trabalhadores, pela parcela mais pobre da população. A abordagem é um convite para ele rever declarações pesadamente dirigidas à imprensa e à luta coletiva de combate às mazelas. Luiz Arraes, presidente da Federação Estadual dos Frentistas (São Paulo, SP)
Ministérios
É público e notório que os interesses ligados ao agronegócio não são os mesmos dos ligados às questões ambientais. O problema não deveria ser a unificação de ambas as pautas em um ministério, mas a pessoa que irá assumi-lo. Thiago Andrade (Recife/PE)
Sistema tributário
Como é gostoso ler um artigo de uma pessoa que entende do assunto. “O funeral do modelo tributário” (Tendências / Debates, 31/10) falou da “casa das loucas” que é o sistema tributário brasileiro. Parabéns ao sr. Guilherme Afif Domingos. Edegar de Souza Moraes, contador (São Carlos, SP)