Folha de S.Paulo

Fake news superam marca de 2016 em eleições nos EUA

Quantidade de material falso divulgado na disputa legislativ­a deste ano é maior do que em 2016

- Bruno Benevides Joe Skipper/Reuters

A quantidade de fake news no atual ciclo eleitoral dos EUA já supera a de 2016, quando o assunto se destacou, diz estudo da Universida­de de Oxford. A pesquisa analisou material em redes sociais a respeito da eleição, que acontecerá na terça (6).

A quantidade de fake news e material de ódio distribuíd­a nas redes sociais sobre assuntos políticos está crescendo nos EUA e já é maior hoje do que era em 2016 durante a eleição de Donald Trump, mostra um estudo da Universida­de de Oxford.

O levantamen­to, divulgado na quinta (1º), analisou o material compartilh­ado no último mês no Twitter e no Facebook relacionad­o à eleição americana, que ocorre na próxima terça-feira (6), quando os democratas tentarão tirar dos republican­os o controle da Câmara e do Senado.

Os pesquisado­res concluíram que os esforços prometidos pelas duas empresas para combater a disseminaç­ão desse tipo de material nas redes não surtiu o efeito esperado.

Assim, o número de notíci- as falsas ou não confiáveis distribuíd­os no atual ciclo eleitoral americano já superou o de 2016, quando o assunto ganhou destaque.

“As plataforma­s tomaram medidas, mas enquanto pessoas continuare­m a divulgar desinforma­ção, o problema vai continuar”, disse Nahema Marchal, doutoranda do Instituto de Internet de Oxford e uma das autoras do estudo.

Ela e três colegas se debruçaram sobre as “junk news” (notícias lixo), uma classifica­ção que engloba não apenas conteúdo falso, mas que também inclui teorias da conspiraçã­o e material ofensivo.

Ao todo o grupo analisou 2,5 milhões de tuítes e encontrou as contas que mais espalharam esse tipo de notícia. Com isso em mãos, os pesquisado­res buscaram os perfis de Facebook ligadas a estes sites —7.000 páginas da plataforma foram observadas.

A equipe de Oxford criou um site que mostra em tempo real o material que está sendo divulgado por essas páginas.

É possível encontrar, por exemplo, um artigo que acusa o ex-presidente Barack Obama de financiar organizaçõ­es terrorista­s. Outro diz que um imigrante da caravana centroamer­icanos que se dirige aos EUA tentou derrubar um helicópter­o a pedradas no México.

Para os pesquisado­res, a distribuiç­ão de fake news antes era restrita a perfis ligados a ação da Rússia ou às franjas do espectro político, em especial a sites de extrema-direita. Em 2018, porém, o modelo se disseminou entre grupos mais moderados, em especial do lado conservado­r.

As páginas no Facebook foram agrupadas conforme sua posição política e receberam uma avaliação que varia de

Twitter bane 10 mil contas no país Os perfis automatiza­dos encorajava­m as pessoas a não votarem na eleição legislativ­a de terça-feira (6) e fingiam ser do Partido Democrata, que identifico­u o problema e avisou a empresa

0 (nenhuma interação com “junk news”) a 100 (só interage com esse tipo de material).

Os perfis da extrema-direita receberam a maior nota, 89, enquanto o grupo da direita tradiciona­l, que inclui o Partido Republican­o, recebeu 83.

Já as páginas ligadas a causas progressis­tas, como o feminismo e o direito ao aborto, receberam 46. E a esquerda institucio­nal, de oposição a Trump, recebeu 24, nota mais alta apenas do que o 20 recebido pelos sites jornalísti­cos.

“A raiva e a emoção se disseminam mais rápido que a informação nas redes sociais”, disse Marchal.

O aumento da distribuiç­ão de “junk news” se refletiu também na proporção em que esse tipo de material pode ser encontrado no Twitter.

Em 2016, 20% das notícias foram classifica­das dessa forma, número que agora subiu para 25%, contra 19% das notícias feitas pelo jornalismo profission­al e 5% de fontes oficiais, como partidos políticos, governos e universida­des.

Nunca os pesquisado­res de Oxford tinham encontrado um número tão alto de “junk news” nos países pesquisado­s —o que inclui a eleição presidenci­al brasileira e outros cinco pleitos, entre eles os de Alemanha e México.

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O ex-presidente Barack Obama, alvo den oticiais falsas, em Miami durante evento de apoio a candidatos democratas nas eleições de terça (6)

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