Folha de S.Paulo

Independên­cia da Folha inspirou campanhas do jornal

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Ao som de “Parabéns a Você”, repórteres são agredidos por políticos e esportista­s, soldados e policiais, homens e mulheres.

No final do vídeo em preto e branco, entra a locução: “Nestes 75 anos a gente apanhou um bocado. Mas aprendeu a fazer o melhor jornal do país. Folha de S.Paulo. Não dá pra não ler”.

O comercial foi criado em 1997 pela agência F/Nazca, fundada três anos antes e já então comandada pelo publicitár­io Fábio Fernandes.

“A gente imaginava que estava fazendo referência a uma página virada e enterrada da nossa história”, relembra Fernandes.

“Eu não podia acreditar que o comercial fosse mais do que o retrato de um momento passado. Não de um momento futuro”, completa.

Ele se refere às ameaças feitas à Folha pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), de corte dos anúncios publicitár­ios federais, o que descreve como “chantagem explícita”.

A campanha foi parte de uma celebração não só do próprio jornal e dos jornalista­s, afirma Fernandes, mas do mercado publicitár­io criativo no país. A F/Nazca foi uma de quatro agências convidadas a produzir comerciais para a Folha naquele ano.

O jornal já tinha “tradição de criativida­de” em propaganda, segundo ele, e procurou homenagear as jovens agências que começavam nesse caminho.

A tradição vinha desde pelo menos 1986, quando o publicitár­io Jarbas de Souza, da Jarbas Publicidad­e, lançou o bordão “De rabo preso com o leitor”, para sintetizar a independên­cia em relação a governos e partidos.

Mas o marco foi 1988, com um comercial criado pela W/ Brasil de Washington Olivetto. A peça começava com o foco em pequenos pontos pretos, de uma foto reticulada, afastando-se aos poucos até revelar um rosto, enquanto a locução dizia:

“Este homem pegou uma nação destruída. Recuperou sua economia e devolveu orgulho aseu povo. Em seus quatro primeiros anos de governo, o número dedes empregados caiu de 6 milhões para 900 mil. Este homem fez o Produto Interno Bruto crescer 102%.”

No final, o rosto era de Hitler e alocução alertava :“É possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade. Por isso, é preciso tomar muito cuidado coma informação e o jornal que você recebe ”.

Mais recentemen­te, em 2009, a agência Africa, fundada pelo publicitár­io e colunista da Folha Nizan Guanaes, lançou uma de suas primeiras campanhas para o jornal com o comercial “Mosca”.

Nele, colunistas do jornal diziam trechos da letra de “Mosca na Sopa”, do cantor Raul Seixas (1945-89).

Começava com Clóvis Rossi :“Eusou a mosca que pousou na suas opa”.Ruy Castro: “Eu sou a mosca que perturba o seu sono”. José Simão: “E não adianta vir me dedetizar”.

Na locução final, dizia: “Assine um jornal crítico, plural e independen­te. Sua assinatura faz a Folha ser cada vez mais a Folha”.

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Reprodução Cena de comercial veiculado em 1997, em comemoraçã­o aos 75 anos daF olha

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