Folha de S.Paulo

Embaixada em Jerusalém pode afastar investidor árabe do país, diz entidade

- Heloísa Negrão

A mudança da embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém, como proposto pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), pode “riscar” as relações comerciais entre o Brasil e os países árabes, disse Rubens Hannun, presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira.

Em entrevista a jornal israelense, Bolsonaro afirmou que “Israel é um Estado soberano. Vocês decidem que é sua capital e nós vamos segui-los”.

Juntos, os países árabes são o segundo maior comprador de proteína animal brasileira. Em 2017, as exportaçõe­s somaram US$13,5 bilhões, e o superávit para o Brasil foi de US$ 7,17 bilhões.

Para Hannun, a mudança da embaixada pode abrir as portas para países concorrent­es como Turquia, Austrália e Argentina.

Já tivemos ruídos com a [Operação] Carne Fraca e com a paralisaçã­o dos caminhonei­ros, mas conseguimo­s superar. Temos a fidelidade dos países árabes”, afirmou. Para Hannun, porém, a questão da embaixada é algo muito mais forte e sensível.

Além do risco de perda nas vendas, Hannun afirma que o país pode deixar de receber futuros investimen­tos em infraestru­tura dos países árabes.

“Cerca de 40% dos fundos soberanos estão nesses países e eles já demonstrar­am interesse em investir em estradas, ferrovias e elétricas [no Brasil]”, disse.

Hannun afirmou ainda que pretende apresentar um estudo ao novo governo com os projetos de investimen­to da Liga Árabe no país.

A infraestru­tura será prioridade no novo governo. Leia mais em Mundo

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