Folha de S.Paulo

Inovador, dentista fez história em Minas Gerais

EDGARD CARVALHO SILVA (1923-2018)

- Ricardo Hiar

O dentista mineiro Edgard Carvalho da Silva era incansável e, além da família, tinha o trabalho como prioridade na vida. Não à toa, exerceu o ofício até os 90 anos. Foram sete décadas dedicadas à odontologi­a. Ele clinicou, pesquisou e ensinou. Chegou a professor emérito da UFMG (Universida­de Federal de Minas Gerais), onde décadas antes conquistou seu diploma.

O profission­al nunca perdeu o empenho e a vontade de aprender. Certa vez o neto Guilherme, recém-formado na mesma profissão, estava conversand­o com um amigo quando o avô passou por ele levando uma sacola com vários exames e comentou: “cada dia que passa eu me acho mais burro. Vou para casa estudar”, afirmou o homem que já tinha mais de 80 anos.

Segundo Guilherme, o avô não se cansava de pesquisar. “Ele ia para a clínica atender pela manhã e passava a tarde estudando os casos. Às vezes vemos pessoas mais jovens achando que já sabem tudo, e ele com aquela idade tinha a convicção de que precisava aprender mais”, disse.

Assim como havia saído de uma família numerosa e teve 12 irmãos, Edgard também constituiu uma grande família. Foi pai de nove filhos, dos quais quatro seguiram seus passos na odontologi­a. Em sua casa sempre tinha uma mesa posta para acolher bem os filhos e netos.

Muito dedicado, trilhou uma carreira distinta e foi muito respeitado por seus feitos. “Ele foi o maior cirurgião dentista da história de Minas Gerais”, afirma o neto. De acordo com ele, não só os títulos acumulados por Edgard eram prova da constataçã­o, mas sua excelência e pioneirism­o em procedimen­tos, como a cirurgia ortognátic­a (que corrige o padrão facial).

No dia 20 de outubro ele completari­a 67 anos de casado, mas morreu um dia antes, aos 95 anos, por falência de múltiplos órgãos. Deixa a mulher, Marina, 9 filhos, 19 netos e 10 bisnetos.

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