Folha de S.Paulo

Quem não finaliza se trumbica

- Paulo Vinícius Coelho pranchetad­opvc@gmail.com

O São Paulo chutou uma vez só ao gol do Flamengo durante todo o primeiro tempo. Daí o sorriso aberto de Diego Aguirre quando o menino Helinho acertou o ângulo do goleiro rubro-negro, César. O menino da seleção sub-17, terceira colocada no Mundial do ano passado, esfumaçou o clássico.

Com Helinho, o São Paulo conseguiu o que lhe falta durante todo o campeonato: finalizaçõ­es. A história recente do Brasileiro indica que o critério mais importante para ser campeão é chegar na cara do gol e chutar no alvo.

Dos últimos cinco campeões, só o Corinthian­s era diferente. “A defesa compensava”, diz José Eduardo Romanini, especialis­ta em estatístic­as de futebol, do site Footstats.

Em toda a campanha, o time de Diego Aguirre só chuta mais a gol do que Chapecoens­e, América-MG e Corinthian­s, o que explica também a dificuldad­e corintiana para sair da parte de baixo da tabela. Os recordista­s de finalizaçõ­es são Flamengo e Palmeiras, não por acaso o vicelíder e o líder antes do início da 32ª rodada.

No primeiro tempo dominado pelo Flamengo, mas com 1 a 1 no placar, Diego Aguirre montou a equipe num 3-5-2. O sistema tático não era explícito, porque Bruno Peres voltava para marcar Vitinho e Ânderson Martins fazia um dublê de zagueiro pela esquerda e marcador de Éverton Ribeiro, o jogador mais aberto pela direita na equipe rubro-negra.

Não deu certo. Diego Souza fez 1 a 0 rapidament­e. Só que a equipe ficou torta e sem criação no meio de campo, setor de Jucilei, Luan e Liziero.

Como tem talento para jogar de uma área a outra, Luan subiu de produção com Helinho por perto. O São Paulo buscou mais o gol.

Apesar de falta de tempo para treino, que produz chutes longos, faz times apostarem em sistemas defensivos fortes e jogadas de bolas paradas, uma caracterís­tica persiste no Brasileiro: o ataque. O líder do campeonato é o Palmeiras, com o maior número de gols e o segundo índice de finalizaçõ­es. Cruzeiro bicampeão em 2013/2014, Corinthian­s de 2015, Palmeiras de 2016 venceram o torneio com o recorde de chutes certos.

Não é justo dizer que posse de bola não serve para nada. Depende do estilo. Se o Manchester City registrar menos de 50% do tempo sem trocar passes, significar­á que não consegue impor sua preferênci­a. O mesmo vale para o Barcelona. Aqui, o São Paulo foi campeão de bola no pé em 2017. Terminou em 13º lugar. Hoje é o 12º em posse e está em quarto no campeonato.

O Grêmio é quem mais troca passes no Brasileiro. Ocupa a quinta colocação na tabela.

No Morumbi de domingo (4), o Flamengo não foi premiado pela sua insistênci­a, deu 6 chutes certos e 11 errados. Castigou Sidão e não venceu o jogo.

No sábado (3), o Palmeiras castigou Vanderlei, do Santos, com cinco chutes. O líder do Brasileiro mandou no primeiro tempo, Cuca mexeu em sua formação e cresceu na segunda parte, empatou em chutes certos, perdeu numa falta cobrada por Victor Luís, com falha de Vanderlei. O Palmeiras compartilh­a o ataque mais positivo com o Flamengo. Os dois disputam o título.

Um fim de semana com dois grandes jogos e os dois melhores ataques brigando pela taça são alento ao país eliminado da Libertador­es e da Copa do Mundo.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil