Por reformas, MDB faz aceno a Bolsonaro
Em documento, partido diz que Temer não foi tão longe quanto deveria e defende que novo governo mantenha medidas
Em documento a ser lançado nesta quarta-feira (7), em Brasília, o MDB faz um aceno com o caminho que deveria ser seguido pelo governo Jair Bolsonaro (PSL) e diz que o presidente Michel Temer não foi tão longe quanto pretendia por “desorganização política” e “certas intervenções judiciais”.
O texto, ao qual a Folha teve acesso, faz um balanço das medidas tomadas pela gestão emedebista diante da crise e afirma que, se quiser ter sucesso no Planalto, Bolsonaro deve manter a política econômica de Temer.
As prioridades, aponta o documento, devem ser o ajuste fiscal e a tentativa de aprovar a reforma da Previdência — bandeira fracassada do atual governo. “Não há caminho alternativo”, diz o texto.
“Evitamos o abismo para onde caminhávamos e iniciamos a reversão da trajetória da economia. Não fomos tão longe quanto pretendíamos. A desorganização do sistema político e certas intervenções do sistema judicial interromperam os esforços da reforma do Estado que estavam em curso, especialmente a reforma da Previdência”, afirma o documento intitulado “O caminho do futuro”.
A delação da JBS, que resultou em duas denúncias contra Temer sob acusação de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, foi divulgada logo após o texto sobre as mudanças na aposentadoria ser aprovado pela comissão especial na Câmara. No entanto, mesmo àquela época a base aliada não contava com os 308 dos 513 votos necessários para aproválo em plenário.
“O resultado das eleições mostrou que a sociedade rejeitou quem se propôs a retroceder e fazer o caminho de volta ao passado. Foi, entre outras coisas, um claro veredicto sobre as políticas econômicas da era PT”, completa o texto em referência à vitória de Bolsonaro sobre Fernando Haddad (PT).
Dirigentes do MDB que participaram da elaboração do plano de 20 páginas afirmam que ele deve funcionar como uma espécie de “receita” para Bolsonaro e dizem que o partido não será oposição ao novo governo, mas adotará uma posição de “independência”. Quando possível, ressaltam, haverá alinhamento na pauta econômica.
Governadores e parlamentares eleito farão uma reunião nesta quarta em Brasília para chancelar o documento.