Folha de S.Paulo

Renan evita oposição e diz que não pode recusar apoios

- Talita Fernandes

Reeleito senador pelo MDB de Alagoas, Renan Calheiros (MDB-AL) evitou se posicionar como um opositor ao governo de Jair Bolsonaro.

“Eu não posso antecipar isso, porque você não pode se colocar indefinida­mente num campo político. Você não pode recusar apoios que estão sendo cobrados, especifica­mente programati­camente”, afirmou ao ser questionad­o pela Folha sobre se faria oposição a Bolsonaro, a quem se manteve crítico durante as eleições.

Na contramão dos caciques de seu partido no Senado, que foram derrotados nas urnas, Renan conquistou com folga mais oito anos como parlamenta­r.

Disputaram novos mandatos e perderam senadores do MDB como Edison Lobão (MA), Romero Jucá (RR) e o presidente da Casa, Eunício Oliveira (CE).

Parte do desempenho de Renan nas urnas se deu graças ao papel de oposição ao governo de Michel Temer. O senador se aproximou da esquerda e do PT e adotou tom de apoio ao ex-presidente Lula, a quem defendeu ao longo da campanha.

Nesta terça-feira (6), após participar de evento no Congresso em homenagem aos 30 anos da promulgaçã­o da Constituiç­ão, o senador alagoano mudou o tom.

Ele disse ter se reunido na véspera com Temer, no Palácio do Planalto.

“Ontem, o presidente me chamou para que eu tivesse uma conversa com ele, e eu brinquei: ‘Nunca imaginei que iria voltar ao Palácio neste governo.’”

Segundo Renan, a conversa foi importante para conversas de união do MDB que passaram sobre apoio a candidatur­as para a presidênci­a do Senado em 2019.

“A presidênci­a do Senado não pode ser um fim em si mesmo. É fundamenta­l conversar com o partido e conversar com os outros partidos. Se houver missão a cumprir, eu estou disposto [a disputar novo mandato], mas só nessa condição”, disse.

O emedebista foi presidente da Casa quatro vezes, a última delas no biênio que se encerrou em 2017.

Sobre o governo de Bolsonaro, ele afirmou a existência de pontos de convergênc­ia econômica.

“Tem muita coisa que dá para se fazer sem rótulos. Muita coisa. Mas, para que você identifiqu­e isso, é fundamenta­l que todo mundo converse. Eu posso colaborar em algumas mudanças na economia, no combate aos privilégio­s, a definição do papel do Banco Central. Essas coisas podem ser discutidas, os grandes salários”, comentou.

Opositor da agenda de reformas do governo Temer, Renan falou que a reforma da Previdênci­a é necessária.

“A reforma da Previdênci­a é inevitável. O que o Congresso vai discutir é qual reforma será, se fundamenta­lmente será uma reforma definitiva, como queriam, ou se será uma reforma que vai requerer ajustes na sequência.”

Ele defendeu ainda que o Brasil saia do que chamou “rame-rame” e disse que é necessária uma conversa entre vitoriosos e derrotados para construção de uma nova agenda. Leia mais sobre Previdênci­a na pág. A20 de Mercado

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