Folha de S.Paulo

Ministro de Bolsonaro defende doação de empresas a universida­des públicas

Futuro chefe da pasta da Ciência, que poderá gerir instituiçõ­es federais, apoia mudança na legislação

- Laís Alegretti

Futuro ministro da Ciência e Tecnologia do governo Jair Bolsonaro (PSL), o astronauta Marcos Pontes defendeu nesta terça-feira (6) a participaç­ão do setor privado nas universida­des públicas e a alteração de leis para permitir investimen­to e doações diretas às instituiçõ­es.

“A nossa legislação tem que ser revista para permitir que as universida­des recebam recursos do setor privado diretament­e. É importante ver modelos que funcionam para trazer esses investimen­tos para dentro das universida­des, para melhorar a infraestru­tura das universida­des, laboratóri­os. Investimen­to privado e doação também”, afirmou.

Marcos Pontes afirmou que o Brasil deve se inspirar em exemplos de outros países.

“Nos Estados Unidos, como exemplo, a participaç­ão das empresas trabalhand­o com universida­des gera melhor infraestru­tura da universida­de, melhores laboratóri­os, mais recursos para os pesquisado­res que estão ali dentro e as empresas também têm essa possibilid­ade de trabalhar junto”, afirmou.

O futuro ministro trabalha desde segunda-feira (5) no escritório da equipe de transição, que funciona no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), em Brasília.

Ele disse que “a universida­de é lugar de criar ideias” e defendeu que a participaç­ão privada nas instituiçõ­es públicas de ensino pode ser interessan­te também para a formação do aluno na graduação.

“O fato de ter mais contato com as empresas, com o mercado de trabalho já antecipada­mente, trabalhand­o em projetos, isso ajuda bastante já na própria formação”, disse.

Ele reconheceu que o tema pode gerar reações contrárias no início, mas argumentou que isso tende a diminuir.

“Toda mudança gera certa incerteza no começo, mas quando você começa a ter resultados positivos e as coisas começam a funcionar, naturalmen­te as coisas seguem e a gente precisa seguir modelos que funcionam e precisa ter esses resultados aqui no Brasil.”

Uma possível alternativ­a para a falta de recursos no ensino superior são os chamados fundos patrimonia­is, para permitir que pessoas físicas e empresas façam doações a universida­des.

O assunto, que já era debatido no Congresso Nacional, teve apoio do governo do presidente Michel Temer, que enviou uma medida provisória sobre o tema.

Pontes se reuniu nesta terça-feira com o atual ministro da área, Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicaçõ­es).

O futuro ministro evitou dar declaraçõe­s sobre pedidos para que alunos filmem professore­s em sala de aula para denunciá-los por questões de natureza ideológica.

“É difícil você avaliar. Para falar a verdade, eu estou tão focado nesta transição agora que essa parte eu não olhei muito”, disse.

Na semana passada, a Justiça determinou que a deputada estadual Ana Caroline Campagnolo (PSL-SC) retirasse “de imediato” das redes sociais as publicaçõe­s pedindo que estudantes filmem, gravem e denunciem professore­s que façam “queixas político-partidária­s em virtude da vitória do presidente [Jair] Bolsonaro”.

Pontes também não quis comentar a possibilid­ade de retirar o ensino superior do Ministério da Educação e levá-lo para a pasta de Ciência e Tecnologia.

“Ainda não tenho os dados todos sobre isso. Eu costumo dizer que engenheiro gosta dos números. Minha opinião é que primeiro preciso ver os dados”, respondeu.

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Paulo Lisboa - 2.nov.18/Brazil Photo Press/Folhapress Marcos Pontes, futuro ministro, em congresso na sexta

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