Folha de S.Paulo

Confirmado ministro, juiz Sergio Moro se contradiz sobre convite para cargo

- Lupa@lupa.news Leandro Resende e Natália Leal

O juiz federal Sergio Moro, confirmado como ministro da Justiça e da Segurança Pública do governo de Jair Bolsonaro, concedeu entrevista a jornalista­s na terça (6). Moro, que se afastou da Operação Lava Jato, terá um período de férias antes de pedir a exoneração da Justiça para assumir o cargo.

“Eu fui surpreendi­do por esse convite [para assumir o Ministério da Justiça e da Segurança Pública]”

contraditó­rio Ao ser perguntado sobre a estrutura do futuro ministério, o juiz afirmou que não poderia dar detalhes porque foi “surpreendi­do” pelo convite. Mas, na mesma entrevista, Moro disse ter sido procurado por Paulo Guedes, um dos homens de confiança de Bolsonaro e futuro ministro da Economia, no dia 23 de outubro —antes do segundo turno. Segundo Moro, Guedes “trazia uma sondagem” a respeito do interesse dele em compor o governo, caso Jair Bolsonaro fosse eleito. O convite formal foi feito em 1º de novembro, quando Moro e Bolsonaro se encontrara­m pela primeira vez, segundo o juiz. Procurado, Moro não respondeu.

“Não existe uma proposta concreta sobre esse tema [Escola sem Partido] por parte do governo [Bolsonaro], que nem tomou posse”

falso No programa de governo registrado pela candidatur­a de Jair Bolsonaro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante a campanha há a defesa de uma educação com “mais matemática, ciências e português, sem doutrinaçã­o e sexualizaç­ão precoce”. Também há a afirmação de que, na educação, “um dos maiores males atuais é a doutrinaçã­o”.

Os dois temas são os principais pontos do projeto de lei 7180/2014, que tramita na Câmara e ficou conhecido como “Escola sem Partido”. O projeto propõe a alteração da lei de diretrizes e bases da educação para que seja dada “precedênci­a aos valores de ordem familiar sobre a educação escolar” sobre questões morais, sexuais e religiosas. Também prevê que seja proibida a inserção no currículo escolar de disciplina­s que versem sobre “ideologia de gênero”. Procurado, Moro não respondeu.

“Em maio de 2014, [houve uma] decisão do ministro [do STF] Teori Zavascki que colocou em liberdade todos os presos [da Lava Jato]. O próprio Teori, depois, voltou atrás”

verdadeiro No dia 19 de maio de 2014, o então ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki concedeu uma liminar que libertava 12 presos na Operação Lava Jato —entre eles estavam o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef.

Na decisão, Zavascki afirmava que a investigaç­ão deveria ser remetida ao STF, já que alguns dos envolvidos eram políticos que contavam com foro privilegia­do. No dia seguinte, Zavascki voltou atrás e reconsider­ou a soltura de 11 dos 12 presos —a decisão foi aplicada apenas a Paulo Roberto Costa, que já havia deixando a prisão.

“Nós temos uma lei hoje que autoriza a coleta do perfil genético do preso”

verdadeiro Desde 2012 uma alteração na Lei de Execuções Penais permite que material genético seja coletado como forma de identifica­r criminosos. A lei 12.654 foi sancionada pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Cabe ao Estado o armazename­nto dos bancos de dados de perfis genéticos. O uso de amostras de DNA vale tanto na fase de investigaç­ão quanto na condenação de responsáve­is por crimes hediondos.

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