Folha de S.Paulo

Lucas Pratto enfrenta time de infância na final da Libertador­es

- Bruno Rodrigues Alejandro Pagni - 23.set.18/AFP

Para uma criança que nasce em La Plata, na Argentina, basicament­e só há dois caminhos a serem seguidos quando o assunto é o clube do coração. Ou você torce para o Estudiante­s ou torce para o Gimnasia y Esgrima.

Mas Lucas Pratto, 30, é uma exceção. Hoje no River Plate, o atacante enfrentará sábado (10), na final da Libertador­es, o arquirriva­l Boca Juniors, time pelo qual torceu durante toda a sua infância e adolescênc­ia, e onde inclusive se formou como jogador de futebol.

A mãe de Pratto, Daniela, é torcedora do Boca. Ele recebeu forte influência, sobretudo de um dos tios, fanático pelo clube e que o levou algumas vezes à Bombonera para assistirem ao período mais glorioso da história boquense, do fim da década de 1990 ao começo dos anos 2000.

De 2000 a 2003, o time só não conquistou a Libertador­es uma vez (2002). Nos três títulos do período, a equipe teve como uma de suas figuras de destaque o atacante Guillermo Barros Schelotto, hoje técnico do time e rival de Pratto na decisão do torneio.

Seu ídolo mesmo, porém, era o centroavan­te Martín Palermo, maior artilheiro da história do Boca, com 235 gols.

“Nós íamos à Bombonera, como todos os garotos da pensão. Ele [Pratto] tinha como ídolo o Palermo, então, quando assistíamo­s aos treinos ou aos jogos, ele reparava muito nos movimentos que [Palermo] fazia”, diz à Folha o também atacante Oscar Trejo, companheir­o de Pratto na base do clube e hoje atleta do Rayo Vallecano, da Espanha.

A ida dele ao Boca passou pelo crivo de Palermo. Não do ídolo diretament­e, mas do irmão do goleador, Gabriel.

Atleta do Cambaceres, modesto time da região de La Plata, o jovem Lucas Pratto foi questionad­o por um de seus treinadore­s, Gustavo Sosa, sobre seu interesse em fazer um teste no Estudiante­s ou no Gimnasia, destinos naturais para quem vive na cidade e busca uma chance no futebol.

O garoto disse que não, pois já havia feito essa tentativa, sem sucesso. Gustavo Sosa então conversou com Gabriel Palermo para que o amigo levasse Pratto a um teste no Boca. Jogou 30 minutos, foi escolhido e já o colocaram na prétempora­da do sub-17.

Ele estreou na categoria com gol diante do Gimnasia, sob os olhares da mãe. No Boca, Pratto chegou para ser atacante, diferentem­ente de como atuava no Cambaceres, mais recuado, como volante.

Na base, ele teve o prazer de marcar no clássico contra o River Plate. Balançar as redes do maior rival era como realizar um sonho de criança.

“Ele gritava muito [nos gols]. Como todos nós fazíamos. Fazer gol no Supercláss­ico, mesmo que seja na base, é sempre especial”, lembra Trejo, ex-companheir­o de ataque.

Com bom desempenho, Lucas Pratto foi escalando categorias até chegar à “reserva”, último estágio antes do profission­al. Na metade de 2007, com o clube campeão da Libertador­es, foi chamado para a pré-temporada.

A forte concorrênc­ia em sua posição, contudo, impediu seu cresciment­o no Boca Juniors. Ele chegou a ser emprestado ao Tigre, para depois retornar ao Boca e fazer seus únicos dois jogos oficiais pelo clube. Com poucos minutos em campo, preferiu buscar a sorte em outros lugares.

Em sua carreira, ele somou passagens por Chile, Noruega, Itália e Brasil antes de chegar ao River Plate, em janeiro de 2018, como a contrataçã­o mais cara da história do clube: 11,5 milhões de euros (cerca de R$ 45 milhões). Até agora, marcou 9 gols em 38 jogos e oscilou entre a titularida­de e o banco de reservas.

No sábado, há boas chances de o camisa 27 começar jogando. Ele foi titular na vitória sobre o Grêmio, em Porto Alegre, pela semifinal. Seu concorrent­e pela posição, Ignacio Scocco, deixou o gramado lesionado no fim de semana.

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Lucas Pratto é marcado por Emmanuel Mas em jogo contra o Boca pelo Campeonato Argentino

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