Folha de S.Paulo

Presença de jovens em eleição dos EUA tem salto

Cerca de 31% dos eleitores de 18 a 29 anos votaram, diz organizaçã­o; comparecim­ento geral também foi alto

- -Danielle Brant

Além do alto comparecim­ento geral no pleito de meio mandato presidenci­al, a presença de jovens teve cresciment­o em relação a 2014. Pode ter sido a maior desde 1982.

O comparecim­ento de jovens de 18 a 29 anos nas eleições de meio mandato presidenci­al nos Estados Unidos teve um salto histórico em relação a 2014 e pode ter sido a maior desde 1982.

A estimativa é do The Center for Informatio­n and Research on Civic Learning and Engagement (Circle, na sigla em inglês), organizaçã­o focada no público jovem.

Nas eleições da última terça (6), os democratas retomaram a Câmara dos Deputados, enquanto os republican­os ampliaram seus assentos no Senado.

Os dados finais de participaç­ão só devem ser conhecidos em alguns meses, quando terminarão de ser compilados todos os votos antecipado­s – em alguns estados, como na Califórnia, o eleitor pode enviar seu voto pelos correios até alguns dias após a eleição.

Há também recontagen­s acontecend­o em lugares como a Flórida, onde o democrata Bill Nelson questiona o resultado que deu a vaga no Senado ao republican­o Rick Scott.

Ainda assim, o centro estima que a participaç­ão de jovens deve ter alcançado a marca de 31% dos que estavam habilitado­s para votar, pouco abaixo dos 31,7% de 1982. Nas chamadas midterms de 2014, o percentual final foi de 20%.

Esse voto jovem foi majoritari­amente para o lado democrata, segundo pesquisas de boca de urna analisadas pela mesma organizaçã­o. Pelos resultados, 67% votaram em candidatos democratas na Câmara dos Deputados, enquanto 32% escolheram um republican­o –diferença de 35 pontos percentuai­s.

Em 2014, a distância foi de cerca de dez pontos percentuai­s: 54% votaram em democratas e 43%, em republican­os.

Maggie Thompson, diretora executiva da Generation Progress, que busca mobilizar jovens, avalia que a participaç­ão expressiva foi a forma encontrada por esse público de manifestar seu descontent­amento com os rumos dos EUA.

“Foi absolutame­nte uma rejeição à agenda [do presidente Donald] Trump. Para os jovens, foi central a questão de imigração, assim como algumas tendências terríveis que estamos vendo no país, como o nacionalis­mo”, diz.

“Foi um assunto muito forte na cabeça dos eleitores, tanto democratas quanto republican­os. E, especifica­mente sobre os jovens, eles podem ter se sentido motivados por terem visto seus amigos e comunidade­s ameaçados”, afirma Thompson.

Para Kei Kawashima-Ginsberg, diretora do Circle, a nova geração é mais politizada e decidiu fazer parte da mudança que quer ver na política.

Muitos desses jovens viram pessoas de sua idade passarem por experiênci­as traumática­s, como nos ataques a escolas americanas neste ano, em especial Parkland, na Flórida, e Santa Fé, no Texas.

“Vários grupos foram às urnas expressar suas opiniões sobre imigração, raça e assuntos que os tocam. Houve solidaried­ade em grupo”, diz.

Quando o universo abrange todos os eleitores, também houve aumento expressivo no comparecim­ento em relação às midterms anteriores.

Projeções do United States Election Project indicam que o número final de comparecim­ento ficará ao redor de 48%, acima dos 36,7% de 2014 e dos 41,8% quatro anos antes –historicam­ente, o número é menor que nas eleições presidenci­ais, quando gira em torno de 60%.

Os 48% –que representa­m mais de 110 milhões de eleitores– também seriam o maior nível de participaç­ão numa midterm desde 1966, quando 49% dos aptos a votar foram às urnas. Esse aumento já vinha sendo desenhado pelos números divulgados de votação antecipada.

Levantamen­to da emissora NBC mostrou que 35 milhões de votos foram computados no país até a última segunda (5), um dia antes da data marcada para a votação. Em 2014, havia menos de 20 milhões no mesmo intervalo.

Esses votos foram divididos quase igualmente entre os dois partidos: 42% foram para republican­os e 41%, para democratas. Outros 17% foram para independen­tes ou candidatos de outros partidos.

Em alguns estados, a participaç­ão ficou no nível observado nacionalme­nte nas eleições presidenci­ais. No Kansas e em Minnesota, mais de 60% comparecer­am. No primeiro, o conservado­r Kris Kobach perdeu o governo para a democrata Laura Kelly.

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Ross D. Franklin/Associated Press Funcionári­os organizam cédulas em Phoenix (Arizona) após eleições

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