Folha de S.Paulo

Bolsa recua 2,4% e zera ganhos pós-eleição

Investidor­es reagem ao aumento concedido pelo Senado ao Judiciário e a dia negativo para emergentes no exterior

- Tássia Kastner

A aprovação do aumento do Judiciário pelo Senado azedou o humor de investidor­es nesta quinta-feira (8) e fez a Bolsa acumular o terceiro pregão consecutiv­o de baixa.

Com a queda, também reflexo de perdas de emergentes no exterior, o Ibovespa devolve os ganhos acumulados desde a eleição de Jair Bolsonaro (PSL).

O principal índice acionário do país cedeu 2,38% e fechou a 85.620 pontos. Desde 26 de outubro, último pregão antes do segundo turno eleitoral, a Bolsa brasileira recua 0,11%.

Para analistas, a votação surpresa do reajuste do Judiciário na noite de quarta-feira (7) eleva preocupaçõ­es com o ajuste das contas públicas.

Há ainda o receio de que a pauta-bomba seja também um recado ao governo eleito, depois de Paulo Guedes ter falado em dar uma “prensa” no Congresso para votar a reforma da Previdênci­a.

“Quando as pessoas esperam [a votação], é uma coisa. Mas foi de última hora e colocou um bode na sala. Ninguém está entendendo se foi um aviso”, diz Alexandre Espírito Santo, da Órama Investimen­tos.

Há dias investidor­es vêm adotando posição mais cautelosa, reflexo dos desencontr­os da equipe de Bolsonaro sobre a reforma da Previdênci­a, considerad­a pelo merca- do financeiro a prioridade do início de mandato.

“Ainda prevalece entre os investidor­es o estresse em razão da indefiniçã­o de prioridade­s do novo governo de Bolsonaro e da definição de agenda nas diferentes áreas”, escreveu Alvaro Bandeira, economista-chefe da Modalmais.

Ainda sob a perspectiv­a local, a queda foi liderada pela baixa de mais de 3% nas ações da Petrobras, perdas que foram, em parte, atribuídas à baixa nos preços do petróleo.

O mercado reage ainda à temporada de divulgação de resultados de empresas locais.

As ações da Estácio recuaram mais de 8% com desempenho abaixo do esperado pelo mercado no terceiro trimestre, arrastando papéis de empresas do setor de educação.

O dia foi negativo para mercados emergentes, em perdas que foram lideradas pela Bolsa mexicana, que caíram quase 6%. Por lá, notícias de interferên­cia do governo eleito no setor bancário derrubaram os papéis.

Já as Bolsas americanas recuaram em dia de expectativ­a com decisão do Fed (Federal Reserve, o banco central americano), que manteve os juros americanos entre 2% e 2,25% ao ano, conforme amplamente esperado pelo mercado. A próxima alta está prevista para dezembro.

O dólar fechou perto da estabilida­de, cotado a R$ 3,7390.

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