Folha de S.Paulo

Obra independen­te de poesia, ‘À Cidade’ ganha prêmio Jabuti de livro do ano

- João Perassolo

são paulo Lançado de maneira independen­te, “À Cidade”, do cearense Mailson Furtado, ganhou o troféu de livro do ano no Jabuti, mais importante premiação do mercado editorial brasileiro, no Auditório Ibirapuera, em São Paulo, nesta quinta (8).

Ele escreveu, editou, diagramou e até ilustrou a capa do volume de poesia. Furtado versa sobre sua terra natal, o pequeno município de Cariré, de 20 mil habitantes. Por “À Cidade”, ganhou R$ 100 mil pela categoria principal e R$ 5.000 pela de poesia.

O autor fez um discurso emocionado após ser anunciado como o grande ganhador do ano. “O livro foi todo feito à mão, de maneira independen­te. Até o desenho da capa é meu. A obra narra sobre o meu lugar, uma cidade que nunca entrou em nenhum registro bibliográf­ico, e agora estou com esse prêmio”, afirmou.

O poeta espera que o troféu possa abrir as portas do mercado editorial para “uma literatura que se faz sozinha” e para autores independen­tes “que escrevem com grande qualidade e não publicam porque não têm espaço”.

A 60ª edição do Jabuti, oferecido pela CBL (Câmara Brasileira do Livro), premiou títulos em 18 categorias divididas em quatro eixos: literatura, ensaio, livro e inovação.

A atriz Fernanda Torres, colunista da Folha, venceu na categoria livro brasileiro publicado no exterior pelo romance “Fim”, editado no Brasil pela Companhia das Letras e nos Estados Unidos pela Restless Books. A narrativa se dá em torno de um grupo de amigos cariocas às voltas com a morte e as próprias frustraçõe­s.

Na categoria romance, a escritora gaúcha Carol Bensimon foi laureada com “O Clube dos Jardineiro­s de Fumaça”, que se passa em uma plantação de maconha na Califórnia. Maria Fernanda Elias Maglio ganhou com o livro de contos “Enfim, Imperatriz”, publicado pela editora independen­te Patuá.

No momento da entrega da estatueta para a categoria humanidade­s, houve vaias discretas para o premiado, o jornalista e político Fernando Gabeira, que não estava presente. Ele venceu por “Democracia Tropical”, derrotando Djamila Ribeiro (“O Que é Lugar de Fala?”), Christian Dunker (“Reinvenção da Intimidade”), Drauzio Varella (“Prisioneir­as”) e Luiz Felipe Pondé (“Amor para Corajosos”), estes dois últimos colunistas da Folha.

O Jabuti passou por mudanças estruturai­s neste ano. As 29 categorias foram reduzidas para 18 e novas premiações foram criadas, como impressão e formação de novos leitores. Além disso, foi a primeira vez em que os inscritos puderam submeter seus livros em formato PDF —até então, só exemplares impressos eram aceitos.

O autor homenagead­o da noite, escolhido como personalid­ade literária de 2018, foi o poeta amazonense Thiago de Mello, 92, cuja obra já foi traduzida para mais de 30 idiomas. Ele foi representa­do pela família.

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