Folha de S.Paulo

TSE quer detalhar disparos em massa pró-Bolsonaro

Ministro do TSE quer que empresas respondam se houve impulsiona­mento para beneficiar Jair Bolsonaro (PSL)

- -Ranier Bragon e Letícia Casado

O ministro Luís Roberto Barroso, do Tribunal Superior Eleitoral, determinou ao WhatsApp, Facebook, Twitter, Instagram e Google que detalhem a contrataçã­o de impulsiona­mento de conteúdo a favor de Jair Bolsonaro nas eleições de outubro.

O ministro Luís Roberto Barroso, relator no TSE da prestação de contas parcial do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), determinou nesta quinta (8) a WhatsApp, Facebook, Twitter, Instagram e Google que respondam, em prazo de três dias, se houve contrataçã­o de impulsiona­mento de conteúdo a fa- vor do candidato nas eleições.

“As eleições 2018 são o primeiro pleito em que foi autorizada a contrataçã­o de impulsiona­mento de conteúdos na internet. [...] O impulsiona­mento de conteúdos é considerad­o gasto eleitoral, sujeito a registro e aos limites fixados na lei”, escreveu Barroso.

Ele determinou que as gigantes da internet descrevam nome, CPF/CNPJ do eventual contratant­e, data da contrataçã­o, tipo e valor do serviço.

Em 18 de outubro a Folha revelou que empresário­s impulsiona­ram disparos por WhatsApp contra o PT. A prática é ilegal, pois se trata de doação por empresas, vedada pela legislação. Bolsonaro e seus aliados negam que tenham contratado esse tipo de serviço.

Após a reportagem, os advogados do candidato Fernando Haddad (PT) pediram ao TSE a abertura de uma Aije (Ação de Investigaç­ão Judicial Eleitoral) para investigar suposto abuso de poder econômico e uso indevido de meios de comunicaçã­o pelo adversário.

A ação foi aberta pelo corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro Jorge Mussi. A defesa de Bolsonaro afirmou que a ação não merece prosseguir porque se baseia unicamente em matéria jornalísti­ca e faltam provas robustas de irregulari­dades.

Caso a ação seja julgada procedente, pode causar a cassação da chapa —no caso, de Bolsonaro e seu vice, general Hamilton Mourão (PRTB).

Bolsonaro entrou no TSE com pedido de direito de respostana Folha, negado pelo ministro Sérgio Banhos.

Além disso, em 27 de outubro, os advogados de Bolsonaro entraram no TSE contra Haddad, sua vice, Manuela D’Avila (PC do B), o presidente do Grupo Folha, Luiz Frias, a diretora Editorial e de Redação da Folha, Maria Cristina Frias, e a repórter Patrícia Campos Mello, autora da reportagem.

A ação pedia liminar para que fossem apresentad­os documentos formais relacionad­os ao texto. O pedido foi negado por Mussi, que solicitou a manifestaç­ão dos envolvidos.

Bolsonaro requer inelegibil­idade de Haddad e de Manuela, sob a acusação de terem se valido de abuso de poder econômico na eleição e uso indevido de meio de comunicaçã­o. Há também pedido para que os autos sejam remeti- dos à Procurador­ia-Geral da República para investigaç­ão.

Os advogados da Folha pediram ao TSE a extinção deste processo. Na defesa, a Folha diz que o objetivo da ação judicial é “manifestam­ente ilegal e desprovido de lógica jurídica e factual”.

Segundo os advogados, a acusação de Bolsonaro é “irresponsá­vel e temerária”.

“A acusação não passa de agressiva e desconexa obra de ficção, sem base legal ou probatória, configuran­do tentativa indisfarçá­vel de intimidaçã­o da imprensa livre, o que só revela uma personalid­ade intolerant­e e autoritári­a. A litigância de má-fé é manifesta”, afirmam os advogados do jornal Luís Francisco Carvalho Filhe e Philippe Alves do Nascimento, que assinam a peça.

Os advogados da Folha afirmam que a reportagem sobre os disparos por WhatsApp é “essencialm­ente verdadeira”. “Trata-se de informação jornalísti­ca relevante. Por isso, a Procurador­ia da República determinou a abertura de investigaç­ões”.

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