Michelle Obama critica Trump em autobiografia
Volume de memórias da ex-primeira-dama, ‘Minha História’ será lançado na próxima semana
Em seu livro de memórias, “Becoming” (Tornando-se), a ex-primeira-dama dos EUA fala abertamente sobre tudo e diz que a eleição de Donald Trump a deixou em choque.
washington A ex-primeira-dama dos EUA Michelle Obama detona o presidente Donald Trump em seu novo livro, contando que entrou em choque quando soube que ele substituiria seu marido no Salão Oval e tentou “bloquear tudo”.
Ela também denuncia a campanha de Trump chamada “birther”, que questionava o local de nascimento e a cidadania de Obama, chamando-a de preconceituosa e perigosa, “deliberadamente destinada a instigar os malucos e excêntricos”.
Em seu livro de memórias, “Minha História” (“Becoming”), lançado mundialmente na próxima terça (13), Michelle escreve abertamente sobre tudo, como sua criação em Chicago, ter de enfrentar o racismo na vida pública e sua incredulidade ao se tornar a primeira primeira-dama negra dos EUA.
Ela também reflete sobre suas primeiras lutas no casamento com Barack Obama, quando ele iniciou sua carreira política e com frequência estava distante.
A ex-primeira-dama revela, por exemplo, que enfrentou problemas para engravidar, e que suas duas filhas com Barack, Malia e Sasha, foram concebidas por fertilização in vitro.
Michelle escreve que eles consultaram um conselheiro matrimonial “um punhado de vezes” e ela passou a perceber que estava mais “no comando” de sua felicidade do que percebia. “Esse foi meu ponto de virada”, explica. “Meu momento de autoafirmação.”
No livro, ela diz ter pensado que Trump estivesse “se exibindo” quando anunciou sua candidatura presidencial em 2015. Ela expressa descrença sobre quantas mulheres escolheriam um “misógino” em vez de Hillary Clinton, “uma candidata com qualificação excepcional”. Ela lembra que seu corpo “vibrava com fúria” depois de ver a infame gravação em que Trump se gaba de atacar mulheres sexualmente.
A Associated Press comprou um exemplar antecipado de “Minha História”, um dos livros políticos mais esperados dos últimos tempos.
Michelle é admirada em todo o mundo, e memórias de ex-primeiras-damas, incluindo Hillary Clinton e Laura Bush, geralmente são campeãs de venda.
Ela inicia sua turnê promocional na terça não em uma livraria, mas no United Center de Chicago, onde dezenas de milhares de pessoas compraram ingressos —de pouco menos de US$ 30 (R$ 112) a milhares de dólares— para participar do evento, moderado por Oprah Winfrey.
Outras escalas em uma turnê com dimensões de estrela do rock estão planejadas em grandes arenas, do Barclays Center em Nova York ao Los Angeles Forum, com convidados incluindo Reese Witherspoon e Sarah Jessica Parker.
Alguns fãs criticaram o preço alto demais, mas 10% dos ingressos de cada evento serão doados a instituições beneficentes, escolas e grupos comunitários.
No livro, Michelle compartilha sofrimento e alegria. Escreve carinhosamente sobre sua família e faz um relato detalhado de seu namoro com o futuro marido, que ela conheceu quando ambos trabalhavam na firma de advocacia Sidley Austin, em Chicago; ela foi inicialmente assessora de Barack.
As secretárias afirmam que ele era ao mesmo tempo brilhante e bonito, embora Mi- chelle desconfiasse, dizendo no livro que as pessoas brancas “enlouquecem” sempre que você “põe um terno” em um “homem negro meio inteligente”.
Ela também achou que a imagem dele tinha “um toque de brega”. Mas ficou bem impressionada depois que o conheceu, por sua voz “de barítono, profunda e até sexy” e por sua “estranha e instigante combinação” de tranquilidade e força. “Esse estranho homem que mistura um pouco de tudo”, quando ela finalmente o deixou beijá-la, provocou uma “explosão arrasadora de desejo, gratidão, realização, surpresa”.
Mas ao longo da vida política do marido ela lutou para equilibrar as necessidades públicas e privadas e para manter sua autoestima. Sofria pelo que temia ser uma imagem racista, de caricatura. Lembrou que foi rotulada de “irritada” e, pela Fox News, de “Obama’s Baby Mama”.
“Minha História” integra um acordo editorial com Barack, cujas memórias são esperadas para 2019. Acredita-se que o valor do contrato chega a dezenas de milhões de dólares.
Muito elogiada como oradora e comunicadora talentosa, Michelle sempre disse que não pretende disputar cargos eletivos, mas realizou comícios no estilo de campanha eleitoral antes das eleições de meio de mandato, pedindo que as pessoas se registrassem para votar —o voto não é obrigatório nos EUA. Os comícios fizeram parte de seu trabalho como copresidente da organização sem fins lucrativos e apartidária When We All Vote (Quando Todos Votamos).
Minha História Michelle Obama. Ed. Objetiva. R$ 59,90 (416 págs.)