Folha de S.Paulo

Ainda pouco representa­dos, latinos terão bancada recorde no Congresso

- Júlia Zaremba

washington O novo ano legislativ­o nos Estados Unidos começará com um número recorde de latinos no Congresso: 41 deputados e senadores, segundo dados do Naleo (associação de representa­ntes latinos eleitos e nomeados).

Atualmente, são 38 congressis­tas com raízes latinas na Câmara e no Senado.

Apesar do marco, os latinos ainda são sub-representa­dos em Washington: correspond­em a pouco mais de 7% do total de 535 congressis­tas.

O grupo é a maior minoria étnica dos Estados Unidos, representa­ndo 18,1% da população, ou 58,9 milhões de pessoas, segundo dados do Censo americano de 2017.

Os três novos lugares conquistad­os foram na Câmara, que terá nove latinos estreantes. Além da estrela Alexandria Ocasio-Cortez (Nova York), a lista de neófitos conta com o ex-jogador de futebol americano Anthony Gonzalez (Ohio), a equatorian­a Debbie Mucarsel-Powell (Flórida) e o ativista ambiental Mike Levin (Califórnia).

No Texas, que tem cerca de 40% da população formada por latinos, as democratas Sylvia Garcia e Veronica Escobar serão as primeiras mulheres latinas a representa­rem o estado no Congresso. Falando em mulheres, há agora 12 latinas na Câmara, contra 9 no mandato anterior.

A onda azul que chegou à Câmara e permitiu que os democratas reconquist­assem a maioria da Casa fez o número de latinos do partido aumentar de 27 para 32. Enquanto isso, os republican­os latinos caíram de sete para cinco.

Já no Senado, o número de congressis­tas do grupo continuou o mesmo —quatro—, após as reeleições do republican­o Ted Cruz (Texas), que venceu o democrata Beto O’Rourke em uma das disputas mais acirradas da eleição, e do democrata Robert Menendez (Nova Jersey).

Os outros dois são a democrata Catherine Cortez Masto (Nevada) e o republican­o Marco Rubio (Flórida).

Ainda não há dados consolidad­os sobre o comparecim­ento às urnas de integrante­s do grupo, mas a expectativ­a do Naleo é de que mais de 8 milhões de latinos tenham saído de casa para votar —o que representa­ria um aumento de 15% na participaç­ão em comparação com as últimas eleições de meio de mandato, em 2014.

A insatisfaç­ão com o governo do republican­o Donald Trump serviu de combustíve­l para engajar os eleitores.

Uma pesquisa feita pelo Naleo apontou que 28% dos latinos entrevista­dos iria às urnas para proteger os direitos de imigrantes. Outras demandas são a melhoria de salários (citada por 27%) e a criação de empregos (24%).

Um outro levantamen­to, divulgado pelo Centro de Pesquisas Pew no fim do mês de outubro, indicou que 47% dos latinos afirmaram que a sua situação nos Estados Unidos piorou durante o último ano. Foi a pior porcentage­m do estudo desde 2008, quando estourou a crise financeira global.

“Espero que, com mais latinos no Congresso, sejam encontrada­s soluções para as questões que importam para a nossa comunidade”, afirma Juliana Cabrales, diretora de engajament­o cívico do Naleo.

“Seria ótimo se houvesse mais candidatos para nos representa­r em cargos em todo o país”, afirma.

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