Sem aval de França, Promotoria vai à Justiça para transferir chefes do PCC
Ministério Público decidiu pedir remoção para presídio federal por avaliar que há risco de resgate
são paulo Diante da resistência do governo Márcio França (PSB) em transferir chefes do PCC para presídios federais, o Ministério Público de São Paulo decidiu apresentar sozinho um pedido à Justiça para tentar a remoção, por avaliar que há risco de resgaste na unidade estadual onde eles estão.
A lista dos que seriam transferidos, composta por 15 a 20 integrantes da facção criminosa, é encabeçada por Marco Camacho, conhecido como Marcola, número 1 do PCC e supostamente envolvido em um plano de criminosos para resgatá-los da penitenciária de Presidente Venceslau, no interior paulista.
O pedido da Promotoria deve ser feito entre segunda (12) e terça (13) ao juiz Paulo Sorci, da 5ª Vara de Execuções de São Paulo. Ele deve envolver promotores criminais que atuam na capital e no interior.
Na terça (6), Márcio França se reuniu com os secretários Lourival Gomes (Administração Penitenciária) e Mágino Alves Barbosa Filho (Segurança) e foi convencido pelo último do risco de represália da facção criminosa em caso de transferência.
Na mesma reunião, segundo a Folha apurou, Gomes disse ao governador que os serviços de inteligência não indicavam a possibilidade de reação do PCC semelhante à de 2006 —quanto forças de segurança foram atacadas— e recomendou a transferência do grupo para fora do estado.
A reunião foi marcada por bate boca entre os secretários. O titular da Segurança alegou informações sigilosas e não quis fornecer a fonte de informação sobre a possibilidade de retaliação do PCC.
Nesta sexta-feira (9), durante evento na academia de formação de oficiais da PM paulista, ao ser questionado sobre esse assunto, França afirmou que não pretendia fazer a remoção dos presos.
Alegou ser necessário ter “cautela”, em razão de possibilidade de “reações”, e citou não haver consenso sobre a necessidade de transferência.
“Nós sabemos que existem pessoas criminosas que também têm a tentativa de produzir reações, confusões. Então, temos que tomar cautela, não é uma coisa simples”, afirmou.
“Na hora em que as forças de segurança entenderem por bem que há a necessidade de qualquer mudança, eu não tenho nenhum problema de fazer. Mas, por enquanto, não há essa fala hoje de maneira uníssona”, afirmou França.
Além do Ministério Público, a decisão de França de não avaliar a remoção por enquanto contrariou integrantes da Polícia Militar que, em sua maioria, defendem a transferência para unidades federais.
Oficiais disseram ao secretário de Segurança que seus homens estavam preparados para eventuais represálias.
O plano de resgate de chefões do PCC foi alertado a França e aos comandos do Exército e Aeronáutica pelo deputado federal e senador eleito Major Olímpio (PSL).
O parlamentar criticou duramente a decisão do governador, que considerou uma demonstração de fraqueza. “Fecha a porta do estado e entrega a chave ao Marcola.”
“Preso escolhendo onde quer cumprir a pena? Enquanto isso, a Grande São Paulo está sem Rota há 30 dias. E até quando ficarão por lá?” questionou Olímpio, em referência ao deslocamento de homens da tropa de elite da PM para reforçar a segurança em Presidente Venceslau devido à ameaça de um plano de resgate dos criminosos.
Pelo esquema descoberto pelo serviço de inteligência do governo paulista, chefões do PCC montaram um plano de resgate estimado em até R$ 100 milhões que incluiria um exército de mercenários e helicópteros de guerra.
Os bandidos planejam usar também lança mísseis para destruir as vigilância. Ministério do Interior do Paraguai, que investiga quem são os criminosos nas imagens.
A gravação mostra cinco homens encapuzados e armados. Um deles segura uma foto de Sandra e faz a ameaça.
“Temos um recadinho para você. Hoje aqui no Paraguai, nosso objetivo é você. Então, presta bem atenção que o papo é reto: muita gente não está gostando da pilantragem que você está fazendo com o sistema. Como você está vendo, sua cabeça já está a prêmio. Não viemos para pagar comédia. Caso nossa equipe não conclua a missão, outras equipes vão concluir, entendeu?”.
O presidente paraguaio Mario Abdo Benítez afirmou que já sabia da gravação “há tempos”. A procuradora também disse ter sido comunicada há semanas. “Fui convocada pelo ministério e advertida para tomar todas as precauções quanto a minha segurança.”