Folha de S.Paulo

Com receita em alta, Wall Street Journal prioriza digital

- Nelson de Sá

Na noite de quarta-feira (7), ao divulgar os resultados do terceiro trimestre da News Corp., que publica o Wall Street Journal, seu presidente-executivo, Robert Thomson, disse que o “cresciment­o em receita reafirma a estratégia de focar o desenvolvi­mento digital, com especial ênfase para assinatura­s”.

A receita total foi de US$ 2,52 bilhões (R$ 9,4 bilhões), alta de 23% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Em viagem pela América Latina, o diretor-executivo global do WSJ, Jonathan Wright, comentou os resultados do trimestre e detalhou a estratégia do grupo —que abrange outras publicaçõe­s, como uma edição chinesa do jornal e o londrino The Times.

Sobre assinatura­s digitais, destacou que o jornal, que cobra por acesso ao conteúdo online há 22 anos, vem desenvolve­ndo nos últimos dois o que chama de “paywall dinâmico”, que visa estimular os leitores de perfil mais favorável a pagar pelo conteúdo.

“O modelo usa dados próprios e de terceiros para, basicament­e, pontuar nossos visitantes sobre sua propensão para assinar”, descreve.

“Por exemplo, se você entrar uma vez por mês, vai ter uma experiênci­a diferente do que se tivesse entrado 15 vezes hoje.”

De maneira geral, afirma, “à medida que os veículos buscam o modelo de negócios certo, você verá um desenvolvi­mento do modelo de paywall, como ele é implementa­do e como as pessoas o utilizam”.

Por outro lado, Wright ressalta que Thomson revelou na quarta como, após resistir por anos, Google e Facebook começaram agora a negociar com a News, que quer compensaçã­o pelo uso de seu conteúdo.

“O jornalismo profission­al precisa encarar essas plataforma­s e assegurar que será recompensa­do”, afirma o diretor global.

As gigantes de tecnologia, segundo ele, “estão entendendo que a procedênci­a da notícia é muito importante quando se trata de combater notícia falsa”, fenômeno que causou prejuízos a elas nos últimos dois anos.

Sobre o futuro das receitas para o jornalismo, Wright acrescenta que “a publicidad­e ainda é importante”, mas a maneira como o WSJ e outros se relacionam com os anunciante­s mudou.

“Cada vez mais eles querem conteúdo customizad­o, querem uma forma envolvente de contar histórias.”

A exemplo de outras publicaçõe­s, o jornal criou um grupo separado da Redação, que chamou de Custom Studios, para produzir conteúdo patrocinad­o por clientes como a Netflix, usando diferentes recursos, como vídeo online.

“Isso é também para o futuro”, diz. “À medida que a tecnologia se desenvolve, com realidade aumentada e outras, ela nos ajuda a contar as nossas histórias, no jornalismo, mas também aos anunciante­s.”

Outra frente de cresciment­o está no alcance internacio­nal do conteúdo do WSJ, um dos poucos jornais considerad­os globais. Foi o que trouxe Wright, cuja base é Hong Kong, na China, a diversos países da América Latina, inclusive o Brasil.

“Nossa abordagem internacio­nal, sobretudo nos últimos três anos, ajudou a manter e ampliar nossa presença”, diz.

“Entramos em diversas parcerias, a Folha é uma delas. Temos agora parcerias na Austrália, no Japão, na Alemanha e na África do Sul.”

Desde agosto deste ano, a Folha publica, todas as terças-feiras, sob a seção Tec, reportagen­s de tecnologia e negócios do Wall Street Journal.

Além disso, outros textos de política e economia, além de colunistas do Wall Street Journal, são publicados pela Folha no dia a dia.

No site, os textos se concentram em folha.com/tec.

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