Folha de S.Paulo

Mourão se diz ‘muito impression­ado’ após reunião com cúpula da Petrobras

Vice eleito afirma que recuperaçã­o da empresa pode servir de exemplo para o governo Bolsonaro

- -Nicola Pamplona NPeAF

O vice-presidente eleito, general Hamilton Mourão, disse ter ficado “muito bem impression­ado” após reunião com a cúpula da Petrobras na manhã desta sexta (9). Ele elogiou a gestão da estatal, ao afirmar que o processo de recuperaçã­o financeira da companhia pode servir de exemplo para o governo Jair Bolsonaro.

Foi o primeiro encontro de representa­nte da equipe de transição com a direção da estatal, que vive a expectativ­a de mudanças com o novo governo. Mourão diz que ainda não há definição sobre novos nomes para a diretoria e não descartou a permanênci­a de executivos da gestão atual.

“Tem muita gente boa no mercado e dentro da empresa, na própria equipe que está aí.”

Na reunião, que teve a participaç­ão do presidente da estatal, Ivan Monteiro, e de seus sete diretores, Mourão ouviu uma apresentaç­ão sobre a situação financeira e os planos de investimen­tos futuros.

“Saí muito bem impression­ado”, escreveu o vice-presidente eleito em uma rede social logo após o encontro. Mais tarde, afirmou à Folha terficado “satisfeito com o processo de recuperaçã­o da empresa, que foi destruída pelos governos anteriores”.

Ao ser questionad­o se achava que o modelo de gestão atual poderia ser mantido, disse que ele “serve de exemplo para o próprio governo”, que terá de lidar com a crise fiscal.

Na terça (6), a Petrobras anunciou lucro de R$ 6,6 bilhões no terceiro trimestre, abaixo do esperado pelo mercado para o período, mas 25 vezes maior do que no mesmo trimestre do ano anterior.

O resultado teve o impacto negativo de acordo de R$ 3,5 bilhões para encerrar investigaç­ões sobre corrupção nos Estados Unidos. A companhia anunciou ainda a distribuiç­ão de R$ 1,3 bilhão aos acionistas pelo resultado do trimestre.

O mandato da atual direção da companhia vence em março de 2019, mas há no mercado a expectativ­a de mudanças já no início do governo. Londres, custava R$ 328, consideran­do a cotação do dólar na época. Nesta sexta, o petróleo Brent, fechou a R$ 261, com o dólar atual.

O dólar começou a cair no fim de setembro, e o petróleo, no início de outubro. Desde o dia 19 de setembro, quando foi iniciado o atual ciclo de redução, a gasolina nas refinarias está 25% mais barata.

O recuo levou analistas a projetar alívio na inflação de novembro, após o repique de preços de outubro, quando o IPCA, o índice oficial do governo, atingiu 0,45%, o maior pa- ra o mês desde 2015.

“Em que pese o impacto grande dos combustíve­is na inflação, já se apresenta um processo de redução nos preços, movimento que se iniciou no último mês e deve continuar”, diz Lucas Nobrega Augusto, economista do Santander.

Somado ao custo menor da bandeira tarifária da conta de luz —que caiu de R$ 5 para R$ 1 por cada 100 quilowatts­hora (kWh) consumidos—, já há quem veja chances até de uma rara deflação no mês.

Nas bombas, porém, o repasse ainda é pequeno. De acordo com a pesquisa da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombust­íveis), o litro da gasolina foi, em média, de R$ 4,658 nesta semana.

O valor é 1,08%, ou R$ 0,05, menor do que o verificado na semana anterior. Em quatro semanas, a queda acumulada é de apenas 1,41%, ou R$ 0,06 por litro. Os postos alegam que os repasses não ocorrem na mesma velocidade porque há outros custos no preço final, como impostos e o percentual de etanol.

O preço da Petrobras, diz a Fecombustí­veis (federação que representa os donos de postos), representa apenas um terço do valor de venda nas bombas.

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