Mourão se diz ‘muito impressionado’ após reunião com cúpula da Petrobras
Vice eleito afirma que recuperação da empresa pode servir de exemplo para o governo Bolsonaro
O vice-presidente eleito, general Hamilton Mourão, disse ter ficado “muito bem impressionado” após reunião com a cúpula da Petrobras na manhã desta sexta (9). Ele elogiou a gestão da estatal, ao afirmar que o processo de recuperação financeira da companhia pode servir de exemplo para o governo Jair Bolsonaro.
Foi o primeiro encontro de representante da equipe de transição com a direção da estatal, que vive a expectativa de mudanças com o novo governo. Mourão diz que ainda não há definição sobre novos nomes para a diretoria e não descartou a permanência de executivos da gestão atual.
“Tem muita gente boa no mercado e dentro da empresa, na própria equipe que está aí.”
Na reunião, que teve a participação do presidente da estatal, Ivan Monteiro, e de seus sete diretores, Mourão ouviu uma apresentação sobre a situação financeira e os planos de investimentos futuros.
“Saí muito bem impressionado”, escreveu o vice-presidente eleito em uma rede social logo após o encontro. Mais tarde, afirmou à Folha terficado “satisfeito com o processo de recuperação da empresa, que foi destruída pelos governos anteriores”.
Ao ser questionado se achava que o modelo de gestão atual poderia ser mantido, disse que ele “serve de exemplo para o próprio governo”, que terá de lidar com a crise fiscal.
Na terça (6), a Petrobras anunciou lucro de R$ 6,6 bilhões no terceiro trimestre, abaixo do esperado pelo mercado para o período, mas 25 vezes maior do que no mesmo trimestre do ano anterior.
O resultado teve o impacto negativo de acordo de R$ 3,5 bilhões para encerrar investigações sobre corrupção nos Estados Unidos. A companhia anunciou ainda a distribuição de R$ 1,3 bilhão aos acionistas pelo resultado do trimestre.
O mandato da atual direção da companhia vence em março de 2019, mas há no mercado a expectativa de mudanças já no início do governo. Londres, custava R$ 328, considerando a cotação do dólar na época. Nesta sexta, o petróleo Brent, fechou a R$ 261, com o dólar atual.
O dólar começou a cair no fim de setembro, e o petróleo, no início de outubro. Desde o dia 19 de setembro, quando foi iniciado o atual ciclo de redução, a gasolina nas refinarias está 25% mais barata.
O recuo levou analistas a projetar alívio na inflação de novembro, após o repique de preços de outubro, quando o IPCA, o índice oficial do governo, atingiu 0,45%, o maior pa- ra o mês desde 2015.
“Em que pese o impacto grande dos combustíveis na inflação, já se apresenta um processo de redução nos preços, movimento que se iniciou no último mês e deve continuar”, diz Lucas Nobrega Augusto, economista do Santander.
Somado ao custo menor da bandeira tarifária da conta de luz —que caiu de R$ 5 para R$ 1 por cada 100 quilowattshora (kWh) consumidos—, já há quem veja chances até de uma rara deflação no mês.
Nas bombas, porém, o repasse ainda é pequeno. De acordo com a pesquisa da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis), o litro da gasolina foi, em média, de R$ 4,658 nesta semana.
O valor é 1,08%, ou R$ 0,05, menor do que o verificado na semana anterior. Em quatro semanas, a queda acumulada é de apenas 1,41%, ou R$ 0,06 por litro. Os postos alegam que os repasses não ocorrem na mesma velocidade porque há outros custos no preço final, como impostos e o percentual de etanol.
O preço da Petrobras, diz a Fecombustíveis (federação que representa os donos de postos), representa apenas um terço do valor de venda nas bombas.