Folha de S.Paulo

Decisão argentina da Libertador­es tem rivalidade também entre os técnicos

Boca e River disputam jogo de ida da final da competição neste sábado (10)

- Alex Sabino e Bruno Rodrigues

Não basta a Libertador­es ser decidida pela primeira vez por um clássico de bairro e entredois dos maiores adversário­s do planeta.

Há também a rivalidade entre dois técnicos. Ídolos de Boca Juniors e River Plate, respectiva­mente, Guillermo Barros Schelotto e Marcelo Gallardo se enfrentam neste sábado (10), em La Bombonera, no jogo de ida da decisão.

Ambos foram campeões da Libertador­es como jogadores (Gallardo tem um título como técnico), embora com estilos distintos. Schelotto era um atacante aguerrido e veloz, o parceiro preferido do centroavan­te Martín Palermo, maior artilheiro da história do clube.

Gallardo era um meia clássico, típico da Argentina, sempre com um olho para o passe decisivo ou o gol de falta.

“Quero que chegue logo o sábado. Quero jogar. Você pode analisar, estudar, trabalhar, mas tem de chegar logo o sábado. Vivi momentos incrí- veis, ganharas finais de Mun- diais contra Real Madride Mi- lan,m as nãoé iguala agora ”, disse o técnico do Boca.

Ambos são adeptos do futebol ofensivo, de ataque. Mas têm na ideia de jogo que propõem aplicações distintas par achegara esse objetivo.

Gallardo gosta que sua equipe fique co mabola e sepo sic ioneno campo rival.Fo ias- sim, por exemplo, na vitória sobre o Grêmio em Porto Alegre, que garantiu a vaga na final do torneio continenta­l.

Sem atacantes de velocidade pelos lados, o comandante do River pede que seus laterais, Montiel e Casco, joguem avançados, ocupando a faixa lateral no campo de ataque.

A ausência de pontas, entretanto, não obriga o técnico ater centroavan­tes fixos entre os zagueiros adversário­s. Tanto Lucas Pratto como Santos Borré ou Ignacio Scocco se mexem com frequência e participam ativamente da construção ofensiva do time.

A saída de bola, geralmente, é iniciada pelo zagueiro Javier Pinola, que gosta de arrancar com ela dominada até o campo de ataque, deixando atacantes para trás para criar superiorid­ade numérica.

Quando chega à frente, entrega o passe para os meias Juan Quintero e Exequiel Palacios, que elaboram o jogo juntamente com o camisa 10 Pity Martínez, em grande fase.

Já o Boca de Guillermo Schelotto busca o ataque de forma mais vertical, com passes rápidos para chegar ao gol adversário. Ao contrário de Gallardo, utiliza dois pontas, que tentam superar os laterais rivais com jogadas individuai­s, e um homem mais centraliza­do entre os defensores.

A tendência para este sábado é que mantenha o trio ofensivo que enfrentou o Palmeiras em São Paulo, com Villa pela direita, Pavón pela esquerda e Ábila de centroavan­te.

Aforça desse Boca está justamente em seus homens de frente. Dos 21 gols na Libertador­es, 16 foram marcados por atacantes: o artilheiro Ábila tem 4; Pavón, Benedetto, Zárate e Tévez têm 3.

Outro setor forte da equipe é seu trio de meios-campistas, com atletas que misturam caracterís­ticas e ajudam tanto na construção como na marcação. O volante Wilmar Barrios, posicionad­o à frente da defesa, é quem geralmente inicia as jogadas.

Ao lado dele estão Nahitan Nández e Pablo Pérez, ambos com forte pegada no meio. Nández se aproveita do vigor físico e de sua aplicação tática para ir e voltar pelo lado direito. Já Pablo Pérez ataca mais pelo meio, procurando os companheir­os para tabelar e entrar na área para finalizar.

Entre os técnicos, o único que poderá dirigir sua equipe do campo será Schelotto. Punido, Gallardo nem sequer poderá estar na Bombonera.

“A punição é absurda. Direito de admissão é punição aplicada a marginais”, se queixou o presidente do River Plate, Rodolfo D’Onofrio.

“Direito de admissão” é o nome da sanção a torcedores violentos que não podem entrar em estádios do país.

Em má fase no Brasileiro, Corinthian­s e São Paulo jogam em busca de afirmação e para afastar questionam­entos sobre seus técnicos.

Cercados de boas expectativ­as quando contratado­s e no início de trabalho, Jair Ventura, 39, e Diego Aguirre, 52, ouviram vaias e gritos de “burro” recentemen­te.

Contratado há dois meses para substituir Osmar Loss no Corinthian­s, Ventura era visto como o nome ideal para dar sequência ao trabalho de Fábio Carille.

Com um time desacredit­ado após as saídas de Balbuena e Rodriguinh­o, ele surpreende­u ao eliminar o Flamengo e chegar à final da Copa do Brasil. Na decisão, porém, per- deu para o Cruzeiro.

Após a final, a expectativ­a da diretoria era que o clube escapasse rapidament­e da ameaça de rebaixamen­to, o que não aconteceu.

Diante de três rivais diretos (Vitória, Bahia e Botafogo), somou apenas 4 pontos. Hoje ocupa o 12º lugar, com 39 pontos —5 a mais que o Vitória, primeiro da zona de descenso.

“Não podemos nunca olhar para baixo. Não vai ser com uma vitória que vamos olhar para cima ou uma derrota que vamos olhar para baixo. Vamos fazer nosso melhor”, disse Jair, que tem o pior aproveitam­ento entre os três técnicos do time no ano: 33,3%. Loss soma 46,6%, e Carille, 61,2%.

Um triunfo no clássico é visto como fundamenta­l para o técnico ganhar respiro e deixar o time praticamen­te salvo do descenso.

Já Diego Aguirre chegou ao São Paulo em março, após demissão de Dorival Júnior. No início, agradou a torcida com o estilo de jogo intenso e de aplicação tática.

Conduziu o time à ponta do Nacional por oito rodadas, o que fez a diretoria pensar em antecipar sua renovação de contrato, mas o treinador preferiu esperar.

Depois disso, o São Paulo caiu de rendimento. Aguirre foi questionad­o pelas escalações e chamado de “burro” após perder do Palmeiras.

“O objetivo era voltar à Libertador­es. O que aconteceu é que o time ficou acima das expectativ­as. Depois, sofremos derrotas e entrou um clima não de frustração, mas de tristeza”, disse.

A esperança de título ruiu com a queda para o quarto lugar, mas uma vitória no clássico pode deixar o time bem próximo da fase inicial da Copa Libertador­es de 2019.

Aguirre terá outra tarefa: quebrar o jejum são-paulino de 2 empates e 8 derrotas no Itaquerão.

Liminar suspende penhora de taça do Mundial de Clubes

O Corinthian­s afirmou ter em mãos uma liminar que suspende a penhora da taça de campeão do Mundial de Clubes de 2012, conquistad­a pelo clube após vitória contra o Chelsea, no Japão. A penhora havia sido determinad­a na quinta (8), após processo aberto pelo Instituto Santanense de Ensino Superior, que cobra R$ 2,5 milhões do clube.

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