Deslizamento em Niterói deixa pelo menos 10 mortos
Parte de morro desabou sobre casas, na região Oceânica; há seis anos, deslizamento no morro do Bumba matou 56
Pelo menos dez pessoas morreram após deslizamento no morro da Boa Esperança, em Niterói (RJ). Uma pedra atingiu de cinco a sete casas, informaram os bombeiros.
Segundo a prefeitura, a região não era de alto risco geológico.
Ao menos dez pessoas morreram na manhã deste sábado (10) após um deslizamento no morro da Boa Esperança, em Piratininga, na região Oceânica de Niterói.
Por volta das 5h, uma pedra deslizou e atingiu de cinco a sete casas, de acordo com o Corpo de Bombeiros. O terreno estava úmido devido às fortes chuvas que atingem o estado do Rio, incluindo a região metropolitana, desde a noite da última quarta-feira (7).
Até a tarde deste sábado, onze pessoas haviam sido resgatadas com vida. Seis delas foram encaminhadas ao Hospital Estadual Azevedo Lima, sendo duas crianças. Outra vítima, uma mulher de 25 anos, foi para o Hospital Estadual Alberto Torres. As vítimas não foram identificadas.
Um menino de três anos está entre as vítimas. Também perderam a vida uma mulher de 55 anos, outra de 56 e um homem de 37. O Corpo de Bombeiros ainda não confirmou os dados sobre os outros mortos. Oitenta bombeiros foram mobilizados para o resgate, que tinha previsão de durar cerca de 48 horas.
A prefeitura disse em nota que “houve a ruptura de um maciço em uma área de preservação ambiental acima da localidade Boa Esperança”. Afirmou ainda que a região não era diagnosticada como de alto risco geológico, segundo mapeamento do Departamento de Recursos Minerais do estado.
O departamento estadual, porém, disse que não fez análises no local, uma vez que, à época em que começou a fazer levantamentos do tipo, a prefeitura de Niterói já havia feito ou estava prestes a fazer uma análise geológica própria de suas áreas de risco.
Além de equipes da prefeitura, que prestam socorro às vítimas e dão apoio a vizinhos e familiares, a Polícia Militar também ajuda no resgate. Segundo a prefeitura, uma base de apoio foi montada na Escola Municipal Francisco Portugal Neves, em Piratininga, para receber os desabrigados.
À GloboNews, Rosemary Silva, moradora do morro, disse que sua casa já havia sido interditada pela Defesa Civil, mas que a orientação era de apenas deixar o imóvel em caso de forte chuva.
“Eu consegui tirar um neto e minha filha, que estão no hospital. E tem um casal de amigo nossos e minha neta de 8 anos ali [sob o deslizainformou mento], que não foram encontradas”, disse.
Em nota, a Prefeitura de Niterói informou está atuando no socorro às vítimas e no apoio para vizinhos, amigos e familiares.
A administração também que, desde 2013, “investiu mais de R$ 150 milhões em obras de contenção em 50 encostas da cidade”.
Em 2010, outra tragédia em Niterói deixou 56 mortos, no morro do Bumba. Um deslizamento de terra atingiu a encosta do morro arrastando casas e soterrando famílias.
Em 2004, o Instituto de Geociência da Universidade Federal Fluminense fez um estudo, a pedido do Ministério das Cidades, e constatou que a área do Bumba já tinha alto risco de acidentes e exigia monitoramento constante.
Entre 1970 e 1985, o morro foi depósito de lixo de Niterói e São Gonçalo. Nos 25 anos seguintes, a área foi ocupada por mais de cem casas, segundo os moradores. Cerca de 50 delas foram soterradas.