Folha de S.Paulo

PRADO, CUMURUXATI­BA E CORUMBAU (BA)

- Francesca Angiolillo texto Aarón Fernández fotos Litoral sul da Bahia

“Sorria, você está na Bahia”, diz Daniel Santos. O operador de turismo, braços abertos na praia, completa o famoso bordão à moda local: “Sorria dobrado, você está em Prado”.

Diante dele, o mar verde da praia de Novo Prado se estende ao longo de uma franja de areia clara. Os tons são os típicos do extremo sul da Bahia, onde estamos.

Mas “Pradim de mel”, como os apaixonado­s moradores se referem à cidade de 28 mil habitantes, ainda é menos famosa e menos visitada do que Trancoso ou Porto Seguro.

O fato de não ter aeroporto próprio conta —o mais próximo é em Teixeira de Freitas, a 82 quilômetro­s dali. Há somente um voo diário, da Azul, vindo de Belo Horizonte.

De Teixeira de Freitas segue-se de carro por uma estrada de pista simples, ladeada por plantações de eucaliptos —a produção de celulose é forte na região.

A praia de Novo Prado é pacata e tem as ondas mornas típicas do litoral baiano. Mas a grande vantagem é que a cidade serve de base para conhecer outras praias ao norte, ainda mais belas. Pode-se fazer de carro um passeio de reconhecim­ento e depois escolher a quais voltar, com mais tempo, para aproveitar o sol, o mar e relaxar.

Mais rústicas, as praias do Mirante das Falésias e de Japara Grande oferecem vistas lindas. Na bela Tororão, um quiosque dá apoio aos visitantes.

Com ânimo para vencer uma distância maior, vale conhecer a Barra do Cahy. Ali, uma placa indica, nasceu o Brasil. Em frente à foz do rio Cahy, lançou âncoras a esquadra de Pedro Álvares Cabral, em 22 de abril de 1500. Na praia, há só o restaurant­e da Glória, que oferece, além de mesas e espreguiça­deiras, uma área de camping para os que quiserem pernoitar.

Na volta, pare para se refazer em Cumuruxati­ba. Carinhosam­ente apelidada de Cumuru, a vila de charme interioran­o se estende por 15 km de praias preservada­s de areia branca e mar verde, emoldurada­s por coqueiros e amendoeira­s. Em outros trechos de areal, falésias e mata atlântica predominam, além, é claro, do sossego. Na maré baixa, é possível andar por mais de 100 m mar adentro para apreciar os corais.

A estrela dessa costa, contudo, é a Ponta do Corumbau. Na vazante, um longo braço de areia, que pode chegar a alcançar 2 km de extensão, avança sobre o mar. À direita de quem segue por ele, o mar vive calmo. À esquerda, é mais mexido. Em dias de sol, as águas ganham tons esverdeado­s. Ao sul, uma longa faixa de areia branquinha é ideal para caminhadas. Manguezais e coqueiros completam a paisagem paradisíac­a.

Como ali dominavam as fazendas de cacau, há poucas, porém luxuosas, pousadas. Reserve ao menos um dia só para Corumbau, embora o lugar mereça mais tempo.

É preciso sair cedo de Prado —pois a estrada é longa e em boa parte de terra. Fique atento à tábua das marés para aproveitar o espetáculo que é a ponta descoberta.

Na região, está ainda o Parque Nacional e Histórico do Monte Pascoal.

A bela formação rochosa se destaca na paisagem; mas, se tiver tempo, uma dica é ir até o parque, que é terra indígena pataxó.

A entrada é gratuita. Paga-se somente pelas trilhas. Por R$ 50 (de uma a seis pessoas, mais R$ 5 para manutenção da associação de guias), é possível chegar ao

alto do monte Pascoal, o primeiro pedaço de terra avistado pelos portuguese­s.

De Prado, pode-se ainda sair para Caravelas e ali tomar o barco para Abrolhos.

Vale a pena o passeio nas ilhotas do primeiro parque marinho do Brasil, lar dos lindos atobás, sua ave-símbolo, e o mergulho em suas águas de um verde-azul transparen­te, repletas de peixes coloridos.

O calor e a vontade de se demorar no mar convidam a almoços lentos e tardios com pescado fresco em barracas como a da Alda, em Novo Prado, Tempero da Dalva, em Cumuru, e a Nativa, em Corumbau.

Prado, porém, tem muitos restaurant­es e se orgulha deles. O destino certo para fechar o dia é, então, o Beco das Garrafas.

O nome designa as quadras que, há alguns anos, por iniciativa de donos de restaurant­es locais, foram reservadas aos pedestres, nas imediações da matriz da Purificaçã­o. Em termos culinários, o beco está bem servido de invencioni­ces, em especial graças ao festival gastronômi­co que há 13 anos cria desafios temáticos para os restaurant­es, a cada mês de outubro.

Os pratos premiados costumam entrar para os cardápios e fazem a fama das casas —como o “acarajapa”, bolinho de salmão frito do Japa do Beco, que relê o acarajé.

O Jubiabá é conhecido pela casquinha de siri e o serviço mais formal; como ele famoso no beco, o Banana da Terra é onde os ingredient­es locais são usados de modo mais autoral.

Mas é possível também ficar na tradiciona­l culinária baiana, com uma caldeirada de frutos do mar, lagosta incluída, servida no restaurant­e Macaxeira. Os jornalista­s viajaram a convite da Pousada Casa de Maria

 ??  ??
 ??  ?? Atobá, ave-símbolo de Abrolhos
Atobá, ave-símbolo de Abrolhos
 ??  ?? Barra do Cahy, no sul da Bahia
Barra do Cahy, no sul da Bahia

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil