Folha de S.Paulo

NOVA YORK (EUA)

- texto e fotos Nova York (Estados Unidos) Cindy Wilk

Gruas não são novidade no skyline novaiorqui­no. A cidade que bateu o recorde em números de turistas em 2017 —foram 62,8 milhões, sendo 13,1 milhões de estrangeir­os dos quais 852 mil brasileiro­s— ainda tem espaço para crescer. E cresce.

Para os que viajam a turismo, que representa­m 79% do total, a notícia é ótima. Significa que mesmo que você costume voltar a cada três anos, há um mundo de novas atrações para ver, lugares para passear e novos hotéis para se hospedar. Há deliciosas novidades por todo canto, até mesmo na batida Times Square, mas alguns pedaços da Big Apple estão quase irreconhec­íveis.

TRANSFORMA­DORA HIGH LINE

Desde que foi inaugurado, em 2009, esse parque suspenso construído na antiga ferrovia abandonada nos anos 1980 que atravessa o bairro do Meatpackin­g, só traz alegrias. Além do parque em si, cheio de vida, paisagens fantástica­s e exibições artísticas que mudam a cada ano, muita coisa nova surgiu ao seu redor.

A antiga fábrica da Nabisco, berço do biscoito Oreo, virou o Chelsea Market, um mercado gastronômi­co de responsa. Foi um dos precursore­s e já passou por várias expansões. Mais recentemen­te, em 2015, o Whitney Museum transferiu-se para o lindo prédio projetado por Renzo Piano e Cooper Robertson.

Passarela para quem gosta de arquitetur­a moderna, da High Line vê-se ainda exemplares de arquitetos do calibre de Jean Nouvel e Frank Gehry. O mais recente é o residencia­l da arquiteta iraquiana-britânica Zaha Hadid, entregue em março, dois anos após a sua morte. ►

São apartament­os de 370 m2, avaliados em US $16 milhões e repletos demoradore­s celebridad­es como Ariana Grandeou Sting. A cobertura triplex ainda está à venda por US$ 50 milhões.

HUDSON YARDS, O BAIRRO DA VEZ

A High Line foi entregue em etapas. A última delas, uma passarela em forma de ferradura, já na pontinha norte, próxima à 30th Street, no final de 2014. Esse pedaço emoldura a grande novidade de Manhattan: Hudson Yards.

O complexo formado por envidraçad­as torres comerciais e residencia­is, escola, centro comercial e espaço cultural está subindo rapidament­e. Trata-se do maior empreendim­ento imobiliári­o privado da história dos Estados Unidos e o maior investimen­to deste tipo de Nova York.

Hoje, apenas um dos prédios comerciais já foi entregue, mas já em março de 2019, será a vez do The Shed. O inovador espaço cultural ao melhor estilo “Transforme­r”, pode acomodar de uma intimista peça de teatro a um mega show.

Outro destaques de Hudson Yards é a Vessel, uma escultura/escadaria com 154 lances de escadas e cercada de jardins que já pode ser vista entre os arranha-céus que sobem ao redor. Ela está na praça central do projeto que conta também com mais de cem lojas, de H&M a Rolex, incluindo a primeira loja de departamen­to Neiman Marcus de Nova York. O lugar também será um novo polo de gastronomi­a e hotelaria, com projetos de chefs celebridad­es como David Chang e Thomas Keller, além de três novos hotéis. Sem mencionar o mais alto deque de observação ao ar livre da metrópole.

Já dá para ver o terraço aberto do prédio, a impression­antes 395 m de altura, esperando para ser inaugurado no fim de 2019.

LOWER MANHATTAN CURADA

A marca que o atentado ao World Trade Center deixou na cidade nunca vai ser esquecida e o belo 9/11 Memorial and Museum desempenha lindamente este papel.

A ferida se mantém exposta, representa­da pelas fundações dos dois prédios, transforma­das em fonte d’água e cercadas pelo mármore negro com os nomes das cerca de 3.000 vítimas. Mas o que se vê a partir dali é uma nova e ainda mais bela versão de Lower Manhattan, a pontinha sul da ilha.

O One World Trade Center, que volta a ser o prédio mais alto da cidade, foi finalmente terminado no final de 2014 e, no começo do ano seguinte, turistas já podiam ver Nova York do alto do One Observatio­n Deck.

Sucessor único das torres gêmeas, o prédio é unido pelos subsolos ao Oculus, a estrutura futurista projetada pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava, o mesmo do carioca Museu do Amanhã.

Misto de estação de metrô com shopping center, a obra, que custou US$ 4 bilhões, foi inaugurada em 2016.

BROOKLYN COM CARA DE MANHATTAN

A melhor parte do Brooklyn já foi, bem lá no passado, a vista do skyline de Manhattan. Hoje, o antigo subúrbio do lado de lá do East River disputa visitantes em pé de igualdade.

Os hotéis do lado de lá, como o fantástico 1 Hotel Brooklyn Bridge, inaugurado em 2017, no Dumbo, ainda têm vantagens como diárias um pouco mais baixas por estarem no Brooklyn e vistas únicas da ponte histórica. Seu bar na cobertura tem uma vista impression­ante.

Explorar esta região entre as pontes do Brooklyn e de Manhattan —Dumbo é o acrônimo para Down Under the Manhattan Bridge Overpass— traz a cada dia surpresas melhores.

Uma das mais recentes deste pedaço é o Empire Stores. O complexo de galpões históricos de 1800 foi restaurado e inaugurado há poucos meses. Ali, há restaurant­es como os ótimos Cecconi’s ou Sugar Cane, com vistas para a ponte e quase em frente ao icônico Jane’s Carousel.

Também no Brooklyn, um dos bairros mais concorrido­s no momento e que fica mais ao norte, Williamsbu­rg segue forte nesta toada de transforma­ção. Ali, acaba de surgir um novo parque.

Inaugurado em junho, Domino Park é obra dos mesmos arquitetos da High Line. O espaço deu uma nova vida à Domino Sugar, antiga refinaria de açúcar.

Para se reinventar, Nova York, vale lembrar, nunca dorme.

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 ??  ?? Área de antiga refinaria de açúcar abriga o Domino Park, no Brooklyn
Área de antiga refinaria de açúcar abriga o Domino Park, no Brooklyn
 ??  ?? Oculus, estrutura futurista projetada por Santiago Calatrava
Oculus, estrutura futurista projetada por Santiago Calatrava
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Complexo restaurado Empire Stores reúne lojas e restaurant­es

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