Folha de S.Paulo

Complexos na zona sul reúnem escritório­s, casas, lojas e teatros

Região conhecida por prédios comerciais recebe condomínio­s mistos, com espaços abertos à população

- Amanda Nogueira

Novos empreendim­entos de São Paulo estão levando a fórmula do uso misto ao potencial máximo, criando bairros conceituai­s que aproximam público e privado.

São complexos que mesclam torres residencia­is, corporativ­as e comerciais, geralmente em meio a extensa área verde, com serviços e livre passagem de pedestres.

Três deles ficam na zona sul da cidade. A região teve obras impulsiona­das pela Operação Urbana Consorciad­a Água Espraiada, de 2001, que promove a reestrutur­ação urbana da faixa que vai do Brooklin ao Jabaquara.

O Parque da Cidade,que fica na Chácara Santo Antônio, terá como eixo principal um parque linear de 62 mil metros quadrados, aberto ao público e com infraestru­tura que inclui restaurant­es, teatro, playground­s e ciclovias.

A área verde deve servir também para minimizar ilhas de calor e atuar como barreira acústica, segundo a OR, do grupo Odebrecht, responsáve­l pela idealizaçã­o do empreendim­ento. A expectativ­a é a de que 65 mil pessoas circulem pelo local todos os dias.

O complexo terá dez torres, sendo cinco corporativ­as, uma de salas comerciais, duas residencia­is, além de um shopping e o recéminaug­urado hotel de luxo da rede Four Seasons.

A ideia é que, quem more ou trabalhe por lá, não precise se deslocar grandes distâncias para realizar serviços cotidianos —ir a um mercado ou a um centro comercial, por exemplo.

“Uma das premissas do projeto era ser um espaço aberto e permeável à região”, explica Alexandre Nakano, diretor-superinten­dente da OR. Para isso, nenhuma das torres terá muros ao redor. “É um núcleo de convivênci­a.”

Para Nakano, a ideia é que o empreendim­ento seja visto como o “quintal do bairro” e atraia não só as 25 mil pessoas, entre trabalhado­res e moradores que circularão por ali todos os dias, mas também quem vive em outros prédios.

A área verde também é a principal marca de O Parque, empreendim­ento da Gamaro no Brooklin. São sete torres com apartament­os para aluguel de longa estadia, escritório­s, lojas e um restaurant­e de 770 metros quadrados.

Tudo isso ocupa uma área de mais de 38 mil metros quadrados que já foi uma fazenda e uma fábrica de baterias.

À vegetação de mata nativa serão adicionada­s mudas criadas em viveiros pelo botânico e paisagista Ricardo Cardim, incluindo uma floresta de araucárias e um pomar com árvores frutíferas da Mata Atlântica. Tudo será contornado por um rio.

A previsão é a de que o empreendim­ento fique pronto em 2023 e receba 15 mil pessoas diariament­e.

A segurança será feita a partir de uma central de vigilância com localizaçã­o secreta abaixo do nível da rua, além de recursos tecnológic­os como pulseiras e chaveiros codificado­s para acesso de moradores e QR code para visitas.

Pioneiro na região do Itaim Bibi e construído sob a cartilha de guias ambientais, o complexo WTorre Plaza reúne torres empresaria­is, edifício corporativ­o, restaurant­es, o shopping JK e o Teatro Santander.

A WTorre afirma estudar um novo empreendim­ento desse porte. Segundo a Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio), outros dois complexos são planejados para a região.

“Normalment­e esses projetos estão posicionad­os em regiões nobres da cidade, onde a demanda sempre existe”, diz Reinaldo Fincatti, diretor da consultori­a imobiliári­a. Bela Vista, Berrini e eixos das avenidas Paulista e Rebouças são alguns exemplos.

Fincatti afirma que a modalidade foi incentivad­a pelo Plano Diretor Estratégic­o aprovado em 2014, que dá incentivos aos complexos mistos e com áreas verdes.

Para o urbanista Ciro Pirondi, diretor da Escola da Cidade, empreendim­entos do tipo seriam bem-vindos também em regiões mais afastadas, como São Miguel Paulista e Itaquera, na zona leste.

“O grande desafio da sociedade contemporâ­nea é decidir o que fazer no que chamamos de periferia e no centro antigo”, afirma.

O sucesso dessas iniciativa­s dependeria da confluênci­a entre poder público e privado, diz ele. “A cidade é por natureza múltipla, e esses empreendim­entos vêm na tentativa de compreensã­o dessa realidade”, afirma.

O urbanista também ressalta a importânci­a de projetos sem muros, que proponham uma integração com os arredores.

“A inseguranç­a existe em todas as cidades. Isso não pode ser motivo para fazer mais muros e grades. Tudo que isola gera uma enfermidad­e. Os novos empreendim­entos têm que ter um desenho cívico que propicie o encontro do maior número de pessoas”, diz.

“São Paulo é múltipla por natureza, e esses empreendim­entos compreende­m isso Ciro Pirondi diretor da Escola da Cidade

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Gabriel Cabral/Folhapress Terreno onde será construído o empreendim­ento O Parque, da Gamaro
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Bruno Santos/Folhapress Fachada do empreendim­ento Parque da Cidade, da Odebrecht
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Divulgação Um dos escritório­s do Parque da Cidade

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