Folha de S.Paulo

Bairro planejado é resultado de ajustes entre público e privado

- Tatiana Vaz

O surgimento de bairros planejados em lugares antes ocupados por fábricas é uma tendência em São Paulo. Há ao menos cinco sendo construído­s na capital.

“Esse modelo segue um planejamen­to urbano integrado entre iniciativa privada e poder público para alinhar a cidade existente à cidade que se quer”, diz Caio Portugal, presidente da Associação das Empresas de Loteamento e Desenvolvi­mento Urbano.

A onda dos megacondom­ínios, que combinam torres de imóveis residencia­is com serviços públicos, não é por acaso. Segundo o Plano Diretor, qualquer empreendim­ento com mais de 40 mil metros quadrados deve ter sistema de iluminação, rede de saneamento e vias de livre acesso.

As construtor­as precisam adequar seus projetos de acordo com as diretrizes da prefeitura para as propostas serem aprovadas. O governo municipal aponta as necessidad­es da região para que os empreendim­entos funcionem em harmonia com o que já existe.

“É como se as grandes construçõe­s tivessem de se adaptar ao que São Paulo precisa, e não o contrário”, afirma Max Noé Neto, da Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciame­nto da Prefeitura.

Na prática, a dona do terreno constrói a infraestru­tura do novo bairro e lhe dá um nome. A manutenção, com exceção dos edifícios, fica a cargo da prefeitura. Cerca de 15% do terreno é cedido ao município para melhorias em cultura, educação e segurança na nova região.

“Esse modelo de loteamento de grandes terrenos foi muito comum no passado e a base para a construção de bairros como Jardins e Pacaembu”, lembra Neto.

Os projetos demoram, no mínimo, dois anos para ser aprovados. As liberações acontecem em três etapas (em duas para os que fazem parte do programa Minha Casa Minha Vida).

“Muitas construtor­as preferem construir postos policiais, escolas ou o que for apontado pela prefeitura como benefício ao local porque entendem que assim valorizarã­o os imóveis”, afirma Flávio Prando, vice-presidente do Secovi-SP.

Para o urbanista e professor do Instituto da Cidade da Unifesp (Universida­de Federal de São Paulo), Kazuo Nakano, os estudos de viabilidad­e desses projetos têm o desafio de avaliar a capacidade de suporte do sistema viário da cidade para atender os novos moradores.

Na opinião do professor, o Plano Diretor atual tentou fazer com que áreas privadas se conectasse­m com a rua, a calçada e os comércios. Mas o risco é que esses edifícios sejam ladeados por muros altos, que os afastam desse convívio e trazem para a cidade mais calçadas desertas e espaços sem vitalidade.

“Muitas construtor­as preferem construir postos policiais ou escolas porque entendem que assim valorizarã­o os imóveis Flávio Prando vice-presidente do Secovi-SP

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