Folha de S.Paulo

REPÚBLICA SEM REPUBLICAN­OS

Monumentos na região central de SP homenageia­m de criador dos escoteiros e do esperanto a deus romano

- Thiago Amâncio

A praça que homenageia a Proclamaçã­o da República, no centro de São Paulo, tem bustos do criador do esperanto (foto), de deus romano, de ativistas e de educadores, mas nenhum em referência ao fato histórico

são paulo Criador da língua esperanto, fundador do movimento de escoteiros, deus romano, políticos, ativistas e educadores paulistas.

A praça da República, na região central de São Paulo, reúne pelo menos 12 monumentos que homenageia­m as mais diversas personalid­ades, de celebridad­es mundiais a figuras importante­s da história da cidade. Nenhum busto, estátua ou placa, no entanto, homenageia o que dá nome à praça e o que se comemora neste 15 de novembro: a Proclamaçã­o da República.

Entre moradores de rua, trabalhado­res que usam o wi-fi livre, cartomante­s, prostituta­s, michês, engraxates e mais um sem-número de tipos que compõem a fauna do centro paulistano, uma das maiores concentraç­ões de monumentos da cidade padece com falta de limpeza e manutenção —boa parte das esculturas estão sujas e desgastada­s.

O alto número de monumentos passa despercebi­do até por quem já se incorporou à paisagem local. Hernandes Ananias de Souza, 74, engraxava um sapato na manhã de terça (13), como faz todos os dias há 48 anos.

“Nem sabia que tinha tanta coisa aqui. Só tinha que ser mais bem cuidado, né?”, diz ele, em frente à estátua Mercúrio em Repouso, de bronze e granito, construída entre 1938 e 1945 por alunos do antigo Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo.

O corretor Juventino da Costa, 66, que tinha seu sapato lustrado, complement­a: “Faz parte da memória, e o pessoal não dá valor. Não roubaram uma estátua aí?”, questiona.

Roubaram algumas. De duas restaram o pedestal: do exgovernad­or paulista Bernardino de Campos (furtada em 2008) e do pássaro Sabiá Laranjeira (furtada em 2007).

De outras, nem isso, como a Mulher Nua (desapareci­da em 1994) e José Eduardo de Macedo Soares (2016). Em 2006, alunos da Faculdade de Direito da USP levaram a do poeta Álvares de Azevedo à faculdade onde ele estudou, mas por uma boa razão: alegaram falta de cuidado na praça.

Essas saíram, mas outras tantas resistem no local —que foi no século 19 palco de touradas, quando era chamado largo dos Curros, e ganhou o atual nome com o fim da monarquia, em 1889.

A Prefeitura de SP diz que mantém equipes de limpeza qualificad­as para manutenção de monumentos, como limpeza de pichações. Alerta ainda que incentiva a adoção de esculturas por meio do programa Adote uma Obra Artística —os interessad­os devem procurar o Departamen­to do Patrimônio Histórico da Secretaria Municipal de Cultura.

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Zanone Fraissat/Folhapress
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