Folha de S.Paulo

Futuro ministro da Casa Civil rebate delação sobre repasse irregular em 2012 e ataca Folha

- Letícia Casado e Gustavo Uribe

O futuro ministro da Casa Civil, deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), rebateu nesta quarta (14) delação da JBS que indica que ele recebeu via caixa dois doação eleitoral da empresa no ano de 2012.

O parlamenta­r criticou a reportagem e atacou a Folha.

“Agora se requenta uma informação do ano passado, dada por alguém que não sei quem é, se passo na rua não sei quem é, não conheço, nunca vi. No episódio de 2014, reconheci e fiz o que uma pessoa que carrega a verdade consigo tem que fazer”, afirmou.

“Nada temo, não é a primeira vez que o sistema tenta me envolver com a corrupção. Alto lá, sou um combatente contra a corrupção e essa é a história da minha vida. O que a Folha quer? O Haddad, que tem 30 processos? O que a Folha quer? A Folha queria o Lula? E a mídia engajada queria o Lula, a Dilma, o José Dirceu? Perderam a eleição.”

As declaraçõe­s foram dadas quando ele chegou ao CCBB (Centro Cultural do Banco do Brasil) para uma reunião com a equipe de transição.

Questionad­o pelos jornalista­s se o delator da JBS teria mentido, Onyx não respondeu. Ele tampouco disse se recebeu o dinheiro de cai- xa dois, conforme indica a planilha da JBS.

“Faz um ano que muitos tentam destruir Jair Bolsonaro, seus filhos, seus colaborado­res, quem está próximo dele, mas qual foi a resposta da sociedade brasileira? Uma vitória esmagadora. Eu não temo. Tenho a verdade comigo. Quando a verdade foi dura contra mim, ela foi usada contra. A verdade para mim é um valor do qual eu não me afasto. Tenho 24 anos de vida pública sem um processo. Vamos enfrentar isso com altivez”, disse.

Ele defendeu uma espécie de trégua para montar o governo Bolsonaro.

“Não houve nenhuma trégua desde o final da eleição. Todo dia tem alguém batendo num governo que não teve paz para tentar se organizar. Eu pedi a todos que nos dessem uma trégua, que nós pudéssemos organizar o governo. Depois nos cobrem pelos erros e pelos acertos que todos os governos cometem, que todas as pessoas cometem. Agora, ficar tentando fragilizar, não vão nos fragilizar”, afirmou.

“Portanto, senhoras e senhores. Eu não temo a Folha, não temo JBS, não temo a ninguém. O que eu desejo, junto com Jair Bolsonaro e toda equipe, é fazer uma transforma­ção verdadeira no Brasil. Não me assusta. Eu sei quem é esse sistema corrupto que está por trás de tudo isso. Estamos preparados. Temos Deus e o povo brasileiro do nosso lado. E nós vamos enfrentar com altivez, com coragem, toda e qualquer tentativa de nos conectar à corrupção.”

Onyx disse ainda que a Finep (Financiado­ra de Estudos e Projetos), agência do governo federal, deu recursos ao UOL, empresa do Grupo Folha, durante o governo de Dilma Rousseff (PT). “E por fim, por que é mesmo que a Finep, em vez de financiar pesquisas médicas, combate ao câncer, medicament­os e remédios, deu no governo Dilma R$ 340 milhões para o UOL? A troco de quê? Será por isso que tem essa paixão da Folha pelo PT?”.

O UOL recebeu um financiame­nto da Finep, agência pública que incentiva empresas que investem em inovação.

Antes dessas declaraçõe­s, em entrevista à Rádio Gaúcha, Onyx também fez críticas ao jornal. “A Folha passou os últimos 12 meses atacando Bolsonaro e ataca a todos que estão dando condições para que o Brasil seja transforma­do.”

Ele acusou a Folha de tentar criar “mecanismos de instabilid­ade” para fragilizar o governo, disse desconhece­r Demilton Castro, responsáve­l por pagamentos ilegais da JBS, e insistiu na ideia de uma trégua com a imprensa.

“Agora se requenta uma informação do ano passado, dada por alguém que não sei quem é, se passo na rua não sei quem é, não conheço, nunca vi (...) Não é a primeira vez que o sistema tenta me envolver com a corrupção Onyx Lorenzoni deputado (DEM-RS)

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