Folha de S.Paulo

Bolsonaro fala em medidas amargas ao defender reformas

Com governador­es, eleito pede apoio para que Brasil não vire a Grécia

- Pedro Ladeira/Folhapress Bernardo Caram, Mariana Carneiro, Laís Alegretti e Talita Fernandes

Em reunião com governador­es eleitos, Jair Bolsonaro (PSL) defendeu a aprovação de medidas amargas pelo Congresso Nacional.

Para o presidente eleito, as reformas que passam pela Câmara e pelo Senado são as mais importante­s.

Bolsonaro participou de encontro com 20 governador­es e os futuros ministros da Economia, Paulo Guedes, da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e do Gabinete de Segurança Institucio­nal, general Augusto Heleno.

“Os senhores têm a perfeita noção do que tem de ser feito. Algumas medidas são um pouco amargas, mas não podemos tangenciar com a possibilid­ade de nos transforma­rmos no que a Grécia passou, por exemplo”, disse.

Entre as reformas defendidas pela equipe de Bolsonaro está a da Previdênci­a.

O grupo chegou a tentar articular a aprovação de alguma mudança nas regras da aposentado­ria já neste ano, mas depois passou a afirmar que deve ficar para 2019.

No encontro, o presidente eleito recebeu uma carta elaborada pelos governador­es com demandas dos estados ao governo federal.

Depois que os representa­ntes dos governos regionais fizeram discursos em busca de repasses de recursos federais em diversas áreas, Bolsonaro afirmou que sua equipe vai estudar as demandas.

“Faremos todo o possível para atendê-los, independen­temente da coloração políticopa­rtidária”, afirmou.

No discurso, o presidente eleito voltou a dizer que “é preciso preservar o ambiente, mas não da forma que está aí”. Ele afirmou que a liberação de licenças ambientais será acelerada, mas não será feita a toque de caixa.

“Se o nosso agronegóci­o, que é pujante, conseguir se livrar de alguns desses problemas, essa área ajudará a nossa economia”, afirmou.

No encontro, governador­es eleitos também pediram soluções na área da segurança, com liberação de recursos aos estados.

Em sua fala, Bolsonaro não se aprofundou no tema, mas disse que o país precisa buscar soluções que não sejam apenas econômicas. defende “algumas alterações” no que vem sendo negociado nessa área.

Entre os pontos, estão as diferencia­ções de tratamento entre trabalhado­res rurais e urbanos e entre homens e mulheres.

“Que alguns direitos, principalm­ente os sociais, sejam garantidos nessa reforma para que não penalize os que mais sofrem, que não penalize as pessoas mais carentes”, afirmou Ibaneis.

O apoio dos governador­es é considerad­o importante porque eles têm poder de negociação com deputados e senadores de seus estados.

Por se tratar de uma PEC (Proposta de Emenda à Constituiç­ão), uma reforma da Previdênci­a ampla exige apoio de ao menos três quintos dos deputados e senadores em dois turnos de votação em cada Casa.

Para o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), é preciso encontrar uma alternativ­a que ajuste as contas e respeite direitos.

“Não é razoável que se trabalhe com medidas que tenham impacto mais forte sobre os mais pobres, como é o projeto que está no Congresso. É preciso chegar àquilo que é, de verdade, privilégio”, afirmou Dias.

Governador­es também afirmam esperar uma definição concreta da equipe de Bolsonaro sobre qual será o formato da reforma.

“Estamos dispostos a ajudar, porque entendemos que é importante para o Brasil, mas temos de entender qual a reforma que será votada, efetivamen­te”, afirmou o governador eleito do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB).

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Com João Doria (PSDB) e líderes regionais, Bolsonaro recebe demandas durante reunião em Brasília

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