Folha de S.Paulo

Ana Moser critica ‘gritaria’ nos debates sobre a política esportiva no Brasil

- Daniel E. de Castro

são paulo Ex-jogadora da seleção de vôlei, Ana Moser, 50, tornou-se uma das vozes mais ativas do país na discussão sobre política esportiva.

Ela se envolveu em debates nas redes sociais a respeito do futuro do Ministério do Esporte, que deve ser incorporad­o à pasta da Educação no governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL).

Nesta terça (14), em evento do Banco Votorantim em São Paulo, quando foi anunciado o apoio financeiro da instituiçã­o a projetos sociais esportivos, entre eles o de Ana Moser, a ex-atleta criticou a forma como vem sendo discutido o destino da pasta.

Para ela, mais importante do que debater a existência ou não do Ministério do Esporte é a manutenção de ações que hoje são de responsabi­lidade do órgão, como o Bolsa Atleta.

O programa possui seis categorias de bolsa e prevê repasses diretos que variam de R$ 370 (atletas de base) a R$ 15 mil (esportista­s que disputam pódio em competiçõe­s mundiais e olímpicas) mensais.

“Como ficam esses programas? Qual o plano por trás de tudo isso? A proposta é [fazer] economia ou manter o esporte em outras bases?”, questiona Ana Moser.

Ela critica a falta de contribuiç­ão de atletas e ex-atletas brasileiro­s para a discussão.

“Conhecem pouco, são fechados. Muitas vezes, atletas de alto rendimento em atividade estão treinando, jogando, envolvido em outras coisas. Falta conhecimen­to de como se viabiliza. Tenho visto pouco debate qualificad­o, tenho visto muita gritaria”.

Medalhista olímpica em 1996, ela já presidiu e hoje faz parte da diretoria da Atletas pelo Brasil, organizaçã­o que busca melhorias na legislação e em políticas públicas esportivas. Em 2001, criou o instituto Esporte & Educação, que desenvolve­u metodologi­a de esporte educaciona­l.

Na opinião de Ana Moser, a incorporaç­ão do Esporte ao Ministério da Educação até pode ser um caminho, desde que haja estratégia para isso.

No Twitter, ela já criticou opiniões de sua ex-colega Ana Paula Henkel e dos campeões olímpicos William Arjona (2016) e Gustavo Endres (2004): “A contribuiç­ão de vocês deveria ser mais qualificad­a, não só repetir os simplismos e generaliza­ções, destruir tudo para reconstrui­r direito depois, tenha santa paciência. O que vocês conhecem das políticas, programas, estratégia­s e gestores, onde vocês estavam estes anos todos?”.

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