Quem tem dinheiro no governo Bolsonaro
Militares ficam com ministérios com dinheiro, antes negociados com o Congresso
Militares devem ficar com ministérios que controlam 60% do investimento federal. Assim será caso um militar também chefie um superministério da Infraestrutura, como se especula.
Tão ou mais importante, militares vão administrar pastas com os orçamentos ao mesmo tempo mais gordos
e maleáveis, antes de grande
importância na negociação
política com o Congresso.
É uma divisão de poder a se prestar atenção.
Primeiro, a se confirmar a nova composição do seu Lego Ministério, Jair Bolsonaro terá de fato fechado os canais de negociação política com o Congresso por meio de nomeações ministeriais.
Segundo, o presidente eleito
cria um “polo de planejamento” sob comando militar, organizado mesmo antes da campanha eleitoral, sob a orientação dos generais Oswaldo
Ferreira e Augusto Heleno.
Note-se que também será um
polo a reivindicar verbas orçamentárias ao überministro da Economia, Paulo Guedes, e mudanças regulatórias ao Congresso. O governo Bolsonaro quer mudanças na área
ambiental e de licitações, entre outras, a fim de tocar mais obras. Reivindicação cria possibilidade de atrito.
Terceiro, o presidente parece querer mandar uma mensagem. Isto é, os ministérios antes tratados como carniça
de corrupto estariam agora
protegidos por militares. Este jornalista ouviu a expressão “carniça de corrupto”
de um general do governo.
O Ministério da Infraestrutura
ainda é uma incógnita, decerto. Pode ser a junção de
Transportes, Portos e Aviação
Civil com parte das pastas de
Cidades (habitação, saneamento, transporte urbano) e da Integração Nacional (recursos hídricos: barragens, irrigação, obras do São Francisco). Não sobraria quase nada de Cidades e Integração, pois, dois ministérios sempre disputados por políticos. Uma fusão do que sobrar ficaria com prevenção e atenuação de desastres naturais e “desenvolvimento sustentado local”.
dinheiro Com teria as federal fusões, uns 38% a destinado Infraestrutura do total do a investimentos etc.). O (obras, Ministério equipamentos da Defesa, em hoje investimento, o que mais despende tem pouco mais de 19%. Militares
vão comandar ainda Ciência e Tecnologia, Segurança Institucional e os gabinetes
da Presidência e vice, óbvio.
Há ministérios com grandes
dotações orçamentárias, como Saúde, Educação e mesmo Trabalho. Mas muito do dinheiro dessas pastas é carimbado: tem destino definido inalterável pelas leis orçamentárias anuais, por deter
minações constitucionais, com gasto de pessoal etc. Ainda assim, em termos de verba, Saúde e Educação são de encher os olhos e ocupam o quarto e
o quinto lugares no ranking dos investimentos do governo.
Ainda pode ser que a Infraestrutura
continue fatiada em vários ministérios, sob controle de um articulador abrigado
no Planalto, com Bolsonaro. Mas é difícil.
Sendo assim, falta definir
a área dita social, em termos de grandes latifúndios ministeriais, e o formato final da articulação política.
No mais, há o überministro Guedes, com ambição de grande reforma econômica e conselheiro-mor do presidente eleito (o outro é Heleno).
Há o líder anticorrupção, Sergio Moro, superministro, mas nem tanto, da Justiça. A ministra Tereza Cristina, da Agricultura, terá ascendência sobre o Meio Ambiente e pode absorver mais tarefas.
Os militares estão no Planalto, na Defesa, por ora na
Infraestrutura, no comando
das parcerias com o setor privado e com as maiores verbas.