Folha de S.Paulo

Viaduto na marginal pode cair, diz gestão Covas

Bloqueio da pista expressa, adição de ônibus e paralisaçã­o de linha de trem devem prejudicar trânsito em SP

- Guilherme Seto, Fabrício Lobel e Fernanda Canofre

A Prefeitura de São Paulo detectou risco de desabament­o de viaduto da pista expressa da marginal Pinheiros e anunciou um esquema emergencia­l inédito de trânsito na cidade.

As medidas incluem ampliação de bloqueios na marginal, interrupçã­o parcial na circulação de trens da CPTM e mudança nas regras do rodízio.

Com oito pistas, a marginal Pinheiros é a segunda via mais movimentad­a da cidade —13 mil veículos por hora nos horários de pico. Ainda não se sabem as causas da ruptura do viaduto.

O desvio do trânsito para avenidas de bairros da zona oeste, como Jardins e Pinheiros, e a adição de ônibus para suprir a falta de trens devem elevar congestion­amentos. Há previsão de que os transtorno­s se prolonguem por meses.

A prefeitura gastou neste ano apenas R$ 2,5 milhões (5,3%) dos R$ 44,7 milhões orçados para recuperaçã­o e reforço de pontes e viadutos. A gestão Bruno Covas (PSDB) argumenta que o valor empenhado para essas obras viárias, R$ 9,55 milhões em 2018, é mais que o triplo do de 2017.

A gestão Bruno Covas (PSDB) identifico­u risco de colapso do viaduto da pista expressa da marginal Pinheiros que cedeu na madrugada de quinta (15) e, diante do agravament­o da situação, anunciou um esquema emergencia­l inédito de trânsito na cidade, já prevendo a possibilid­ade de os transtorno­s se prolongare­m até mesmo por meses.

A marginal Pinheiros é a segunda via mais movimentad­a da capital paulista, com tráfego de 450 mil veículos diariament­e nos dois sentidos.

No início desta sexta (16), as duas pontas do viaduto se movimentar­am. “Existe a possibilid­ade de ruína? Existe. O momento agora é de criticidad­e”, afirmou Vitor Aly, secretário de infraestru­tura urbana.

Ao longo do dia, a estrutura se acomodou, mas para Aly, seria “leviano” criar falsas expectativ­as e fixar prazo para solução do problema.

O prefeito Covas disse ser impossível já determinar a forma de reparo da estrutura do viaduto —as causas da ruptura seguiam desconheci­das.

As medidas emergencia­is adotadas no trânsito incluem ampliação de bloqueios na marginal, interrupçã­o parcial na circulação de trens e mudança nas regras do rodízio.

O secretário dos Transporte­s, João Octaviano Neto, admitiu a tendência de saturação dentro dos bairros ao longo da marginal Pinheiros —a situação preocupa especialme­nte depois do feriadão.

A prefeitura decidiu interditar 20 km da pista expressa da marginal Pinheiros, no sentido Castello Branco, entre as pontes Transaméri­ca e do Jaguaré (próximo de onde houve a ruptura do viaduto), sob argumento de que a interdição de um trecho curto provoca afunilamen­to — na quinta-feira, apenas 3 km estavam bloqueados.

A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) anunciou a suspensão do rodízio de veículos neste trecho e sentido da marginal Pinheiros, a partir de quarta (21), por tempo indetermin­ado —devido ao feriado, a restrição já ficaria suspensa até terça (20).

Outra medida foi a interrup- ção de trens entre duas estações da linha 9-esmeralda, da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolit­anos). Assim, a linha, que fica ao lado da marginal Pinheiros e liga o extremo sul da capital a Osasco, foi separada em duas.

A circulação de trens teve de ser paralisada entre as estações Pinheiros e Ceasa, pois o viaduto da marginal danificado passa sobre o trilho da linha neste trecho.

Teme-se que a trepidação da passagem dos trens possa compromete­r a estrutura do viaduto, agravando o risco de total colapso da via elevada.

A linha 9-esmeralda é a segunda mais movimentad­a da CPTM, com cerca de 600 mil passageiro­s em dia útil, e se conecta a duas linhas de metrô e outra da própria CPTM.

Nesta sexta-feira, o passageiro da CPTM teve de descer nas estações Ceasa ou Pinheiros e pegar um ônibus gratuito, do sistema emergencia­l Paese, para seguir a viagem. Longas filas de passageiro­s se formaram, e os ônibus saiam lotados das estações.

Não há prazo para que a linha de trem seja liberada a funcionar, mas a gestão Covas diz que essa será uma prioridade. “Estamos tentando minimizar o transtorno para a população de São Paulo, que é garantir a segurança do transporte urbano”, disse Aly.

Tanto o fechamento da pista expressa da marginal Pinheiros quanto a colocação de mais ônibus para suprir a falta dos trens da CPTM impactarão de maneira significat­iva o trânsito em São Paulo.

As áreas mais atingidas dentro dos bairros devem ser as vias da zona oeste, entre a marginal Pinheiros e o centro.

Um esquema especial irá orientar o trânsito nos eixos das avenidas Faria Lima, Pedroso de Morais, Professor Fonseca Rodrigues e a Doutor Gastão Vidigal. Essas avenidas servirão de alternativ­as à interdição na marginal.

Outra preocupaçã­o será com o retorno à capital paulista dos motoristas que passaram o feriado da República e que devem passar o feriado da Consciênci­a Negra, na terça (20), fora da cidade.

A CET orienta que os motoristas vindos das rodovias Anchieta, Imigrantes e Régis Bittencour­t peguem o Rodoanel e a rodovia Castello Branco até alcançar a marginal Tietê. Outras opções para quem vem do litoral são as avenidas do Estado e Salim Farah Maluf.

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Congestion­amento na pista local da marginal Pinheiros, após interdição do viaduto que cedeu e da pista expressa sentido Castello Branco
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Suamy Beydoun/Agif Passageiro­s dos trens da CPTM esperam em longas filas, após a interrupçã­o de viagens; 600 mil usam a linha 9-esmeralda por dia útil

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