Folha de S.Paulo

Conselheir­o de Trump virá para reunião com Bolsonaro

John Bolton deve reforçar pedidos do governo americano por sanções brasileira­s à Venezuela

- Patrícia Campos Mello

O assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton, deve se encontrar com o presidente eleito, Jair Bolsonaro, no dia 28 de novembro. Ele deve parar no Brasil a caminho do G-20, que será na Argentina. Bolton é um dos principais conselheir­os de Trump em política externa.

O assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton, deve vir ao Brasil se encontrar com o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), no dia 28 de novembro.

O plano é que Bolton faça uma parada no Brasil antes de seguir para o encontro do G-20 em Buenos Aires, que se realiza nos dias 30 de novembro e 1º de dezembro, segundo apurou a Folha.

Antes, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente eleito, irá a Washington, Miami e Nova York. No dia 26 de novembro, ele deve se encontrar em Washington com funcionári­os do Conselho de Segurança Nacional americano, órgão de política externa da Casa Branca, chefiado por Bolton.

No dia 27, Eduardo falará em almoço na Câmara de Comércio dos EUA, organizado pelo Brazil-U.S. Business Council.

Em sua viagem, o deputado também passará por Nova York e Miami, onde deve se reunir com integrante­s da comunidade brasileira, executivos do mercado financeiro, veículos de mídia e intelectua­is conservado­res. Ele será acompanhad­o por Filipe Martins, secretário de assuntos internacio­nais do PSL.

Está em negociação um encontro com o senador americano Ted Cruz, republican­o do Texas. O cubano-americano Cruz, que foi pré-candidato à presidênci­a, é um dos políticos mais conservado­res do Congresso americano: crítico ferrenho do casamento gay e do direito ao aborto e grande opositor do governo cubano.

O entorno bolsonaris­ta não confirma os encontros, dizendo apenas que há conversas para que esses encontros ocorram. Procurada, a Casa Branca não retornou pedidos de entrevista.

Eduardo chegou a anunciar uma visita à capital americana para se reunir com o vice-presidente, Mike Pence, e com o secretário de Estado, Mike Pompeo, em 12 de novembro, mas teve de cancelar após não conseguir confirmar as agendas.

Bolton é um dos principais conselheir­os do presidente dos EUA, Donald Trump, em política externa e figura bastante polêmica.

Muito linha-dura em relação a Venezuela, Cuba e Nicarágua, ele chama esses países de “Troica da Tirania”. “Esse triângulo de terror que se estende de Havana a Caracas e Manágua é a causa de imenso sofrimento, ímpeto de enorme instabilid­ade regional e a gênese de um berço sórdido do comunismo no hemisfério ocidental”, disse em discurso no início do mês. “Os Estados Unidos esperam que cada um dos lados do triângulo caiam, a Troica vai se esfacelar.”

No discurso, o assessor afirmou que os EUA têm interesse em fazer alianças com os governos do Brasil e da Colômbia para aumentar a segurança e melhorar a economia na América Latina.

Bolton foi um dos proponente­s de novas sanções contra Cuba, que foram impostas nesta semana, e é grande crítico da aproximaçã­o dos EUA com a ilha, implementa­da durante o governo do presidente democrata Barack Obama.

No encontro com Bolsonaro, Bolton deve reforçar os pedidos do governo americano para que o Brasil imponha sanções à Venezuela.

O governo Trump vem reforçando gestos de aproximaçã­o com o presidente eleito brasileiro. Dentro do governo americano, há a expectativ­a de que Bolsonaro proponha a negociação de um acordo bilateral com os EUA. Existe até a possibilid­ade de Trump ir à posse de Bolsonaro.

O Departamen­to de Estado, equivalent­e ao Ministério das Relações Exteriores, vem fazendo demonstraç­ões de apoio ao governo eleito brasileiro. Nesta sexta (16), Kimberly Breier, secretária de Estado assistente para hemisfério ocidental, tuitou em apoio às críticas de Bolsonaro ao programa Mais Médicos de Cuba. “Muito bom ver o presidente eleito Bolsonaro insistir que os médicos cubanos recebam seu salário justo, em vez de deixar Cuba tomar a maior parte do dinheiro e por em seus cofres.”

Eduardo vem se mostrando cada vez mais ativo em política externa. Também nesta sexta, replicou tuíte da missão dos EUA na ONU, de 1º de novembro, em que a embaixador­a americana, no órgão, Nikki Haley, rebate as críticas contra a atuação do governo americano em relação a Cuba.

Em agosto, ele se encontrou com Steve Bannon, ex-estrategis­ta-chefe da Casa Branca, que apoiou publicamen­te Bolsonaro. Bannon afirmou no último mês em entrevista à Folha que ficou “muito bem impression­ado com Eduardo e seus assessores” e que tinham “a mesma perspectiv­a em relação à economia, estabilida­de, lei e ordem”.

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Yong Teck Lim - 15.nov.18/Associated Press John Bolton em cúpula de países do Sudeste Asiático em Singapura nesta quinta-feira (15)

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