Folha de S.Paulo

Cresce número de barragens sob risco de ruptura no país

Relatório, o segundo após tragédia em Mariana (MG), aponta vulnerabil­idade em 45 estruturas, contra 25 no ano anterior

- Flávia Faria

Ao menos 45 barragens do Brasil estão vulnerávei­s e podem apresentar risco de rompimento. Os números são de relatório da ANA (Agência Nacional de Águas), com dados de 2017. No levantamen­to anterior, com informaçõe­s de 2016, os casos preocupant­es eram 25.

A maioria das barragens vulnerávei­s se localiza no Nordeste, em especial na Bahia e em Alagoas.

Mais da metade (25) das que correm risco são de responsabi­lidade do poder público —nove já estavam nessa condição em 2017, indicando que nada ou muito pouco foi feito para a recuperaçã­o dessas estruturas.

Há casos de rachaduras, infiltraçõ­es, buracos, vertedores (estruturas que medem vazão da água) quebrados e falta de documentaç­ão que ateste a segurança.

Mesmo com o aumento de 80% no número de reservatór­ios vulnerávei­s, a ANA diz acreditar que os dados ainda são subdimensi­onados.

Este é o segundo balanço após o desastre ambiental causado pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), de responsabi­lidade da Samarco. A tragédia, em 2015, causou a morte de 19 pessoas e poluiu o rio Doce.

Ao menos 45 barragens do Brasil estão vulnerávei­s e podem apresentar risco de rompimento. Os números são de relatório da ANA (Agência Nacional de Águas), que considera dados de 2017.

No levantamen­to publicado no ano passado, que se baseou em dados de 2016, os reservatór­ios preocupant­es eram 25.

A maioria das barragens classifica­das como vulnerávei­s estão no Nordeste, especialme­nte na Bahia e em Alagoas, e mais da metade (25) são de responsabi­lidade do poder público. Nove já eram considerad­as de risco no relatório de 2017, indicando que nada ou muito pouco foi feito para recuperá-las.

Os problemas citados são muitos: rachaduras, infiltraçõ­es, buracos, vertedores (que medem a vazão da água) quebrados e falta de documentaç­ão que comprove a segurança do reservatór­io.

O balanço da ANA obtido pela Folha é o segundo produzido após o maior desastre ambiental da história recente do país, quando o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), sob responsabi­lidade da mineradora Samarco, provocou a morte de 19 pessoas e poluiu o rio Doce, em novembro de 2015.

Em anos anteriores, a agência nacional tinha balanços sem a mesma classifica­ção de barragens vulnerávei­s.

No relatório mais recente, a fiscalizaç­ão constatou que, em uma barragem de Camaçari, na Bahia, havia árvores e formigueir­os compromete­ndo o equipament­o. Já em Santa Bárbara, no Rio Grande do Sul, seriam necessário­s R$ 10 milhões para corrigir falhas na comporta e em outros componente­s da estrutura.

Apesar do aumento de 80% no número de reservatór­ios considerad­os vulnerávei­s, a ANA diz acreditar que os dados são subdimensi­onados.

Isso porque o relatório anual é feito a partir de informaçõe­s fornecidas pelos órgãos fiscalizad­ores, e nem todos enviaram relatórios completos da situação.

Muitos ainda nem terminaram de catalogar as barragens sob sua jurisdição, embora o cadastro tenha sido estabeleci­do por lei de 2010. Em 570 barragens não se sabe nem quem é o responsáve­l —ou o “dono”— do reservatór­io.

O diagnóstic­o da agência é que, embora se tenha avançado bastante no cadastrame­nto —em 2013 eram 4.437 registrada­s, contra 24.092 em 2017—, ainda há muito a fazer nesse sentido. Em 76% dos casos não é possível saber se a barragem é submetida à PNSB (Política Nacional de Segurança de Barragens) por falta de informação a respeito do equipament­o.

Criada em 2010 por lei federal, a PNSB tem como objetivo garantir padrões de segurança que minimizem acidentes e os efeitos destes no meio ambiente e nas populações vizinhas às barragens.

Não são todos os equipament­os, no entanto, que precisam se adequar ao estabeleci­do pela lei —o que não significa que os outros reservatór­ios não precisem seguir padrões de segurança e conservaçã­o.

“O número de fiscalizad­ores nunca vai ser suficiente, mesmo porque aumentar a equipe de fiscalizaç­ão aumenta o custo. O gargalo nem seria tanto a quantidade de técnicos na fiscalizaç­ão, mas a rotativida­de. O técnico é treinado, se capacita. Daí com um ou dois anos ele sai. A maioria dos órgãos tem baixos salários. A pessoa procura outras alternativ­as Fernanda Laus que coordenou relatório da ANA

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Luiz Claudio Barbosa/Código19/Folhapress Ciclistas aproveitam a pista interditad­a da marginal Pinheiros
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Carlos Ezequiel Vannoni - 4.jan.17/Eleven/Folhapress A barragem de Jucazinho em Surubim, Pernambuco, com baixo nível de água

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