Relator deve mudar projeto para reduzir pressão sobre BC
O deputado Celso Maldaner (MDB-SC) agora pretende alterar projeto de lei que trata da autonomia do Banco Central. O texto, que pode ser votado ainda neste ano, deixaria de tratar da composição do Conselho Monetário Nacional.
A economia mundial começou a patinar, colocando o crescimento robusto dos EUA em risco se a desaceleração continuar.
Japão e Alemanha sofreram contração no terceiro trimestre, e em outubro o gasto dos consumidores na China subiu no menor ritmo dos últimos cinco meses, enquanto o crédito bancário diminuiu.
“Estamos assistindo a um pouco de desaquecimento, mas não algo terrível”, disse na quarta-feira (14) o presidente do Federal Reserve (o banco central dos EUA), Jerome Powell. “É preocupante.”
Acontecimentos isolados contribuíram para os solavancos, incluindo um tufão e um terremoto que atingiram o Japão e gargalos de produção nas fábricas automotivas alemãs, ligados aos novos padrões que regem as emissões.
O PIB do Japão sofreu contração de 1,2% anualizado no terceiro trimestre, depois de ter crescido 3% no segundo.
Em todo o mundo, porém, economistas e executivos de empresas avisaram sobre um elemento comum que prejudica o crescimento: a guerra comercial entre os EUA a China.
Neste fim de semana, a rivalidade entre Pequim e Washington ficou exposta na reunião da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec na sigla em inglês) em Papua-Nova Guiné, quando o líder Xi Jinping e o vice Mike Pence discutiram sobre comércio.
A tensão entre Pence e Xi na cúpula da Apec —que deixou de emitir um comunicado conjunto pela primeira vez em seus 29 anos de história— abafou a esperança de que uma distensão entre China e EUA pudesse ocorrer na cúpula do G20, na Argentina, no fim deste mês.
Muitos investidores e políticos esperavam que o encontro na Ásia produzisse uma trégua na escalada da guerra comercial entre os dois países, uma das maiores nuvens que pairam sobre a economia global.
O cenário forma um contraste com a economia dos EUA, que cresceu 3,5% anualizados no terceiro trimestre.
A Alemanha, a economia âncora da Europa, informou que seu PIB encolheu 0,2% no terceiro trimestre —a primeira retração em três anos e meio. A economia da zona do euro cresceu 0,2%, desempenho mais fraco em quatro anos.
“Um mês de crescimento zero não deve provocar pânico. Ao mesmo tempo, porém, vemos que as taxas de crescimento estão diminuindo e que há muitas incógnitas em jogo”, disse Ralph Wiechers, economista-chefe da Associação Alemã da Indústria de Engenharia Mecânica.
A administração Trump impôs US$ 250 bilhões em tarifas sobre bens da China. Também tarifou setores que incluem o siderúrgico e o de painéis solares. Parceiros comerciais americanos retaliaram.
Enquanto a economia americana continua a superar as outras, há sinais de que o desaquecimento global está tendo alguns efeitos também sobre os EUA, disse David Joy, estrategista-chefe de mercado da Ameriprise Financial.
Segundo ele, a diminuição do crescimento global vem sendo um fator por trás das quedas nas Bolsas americanas e da queda forte nos preços do petróleo, que provavelmente vão prejudicar produtores petrolíferos americanos.
“Uma desaceleração da atividade global provavelmente vai nos frear um pouco, mas acho que ainda não terá um impacto tremendo.”
Ainda são poucos os economistas que preveem uma recessão global, especialmente em vista do dinamismo atual da economia americana.
Depois de terem subido pela maior parte dos últimos dois anos, desde maio as exportações dos EUA vêm caindo. Mas a economia americana ainda está sendo fortalecida pelos gastos dos consumidores, somados ao baixo desemprego e aos cortes no Im- posto de Renda de pessoa física implementados em 2017.
Os EUA estão protegidos em certa medida contra o desaquecimento da economia internacional porque suas exportações representam apenas 12% de seu PIB, comparadas à média global de 29% ou ao índice ainda mais alto da Alemanha. Ou seja, a exposição dos EUA é menor que a maioria dos países quando a economia global enfraquece. Na terça (13), a Opep (Organização de Países Exportadores de Petróleo) cortou sua previsão de crescimento global de 3,6% para 3,5% em 2019.
Com isso, a Opep também enxerga um desaquecimento da demanda de petróleo, que está deprimindo os preços —o Brent caiu 25% em pouco mais de um mês, do patamar de US$ 85 para US$ 66.