Folha de S.Paulo

Palmeiras é o melhor no que o futebol brasileiro pode ter

- Paulo Vinícius Coelho pranchetad­opvc@gmail.com

O vento soprou contra o Palmeiras em Londrina e tirou do time de Felipão a condição de trocar passes. No primeiro tempo, cada bola longa lançada pelo goleiro Wéverton guerreava contra a tempestade e, por vezes, voltava na direção de sua própria grande área. O temporal em Londrina atrapalhou o jogo, mas o líder do Brasileiro seguiu com controle e 67% de posse de bola.

Sofreu 1 a 0, gol do menino Keslley, recém-promovido das divisões de base do Paraná.

Não dá para discutir construção de jogo num clima como o de Londrina, no primeiro tempo de domingo (18). Discute-se, porém, o estilo Felipão neste campeonato, que pode ter o título decidido na quarta-feira, se o Palmeiras vencer o América-MG, o Flamengo não ganhar do Grêmio, e o Inter, do Atlético-MG.

Depois de vencer o Fluminense, na quarta (14), Felipão discutiu o que é gostar da bola. Argumentou que, por vezes, um time erra passes, mas nunca quer se desfazer do objeto mais desejado do futebol. “Eu sou um técnico de resultados e nunca vesti outra carapuça”, disse Felipão.

A comparação entre Palmeiras de 2018 e Corinthian­s de 2017 ajuda a entender os estilos predominan­tes no Brasil do êxodo, que exporta 64 jogadores durante a Série A e tem 42 em campo numa rodada de Champions League. No ano passado, o Corinthian­s foi o time de mais trocas de passes do campeonato, que venceu. Em média, 471. O Palmeiras tem 364.

O Manchester City deu 700 passes para vencer o Manchester United, a Holanda deu 576 para ganhar da França, o Brasil deu 540 contra o Uruguai. A diferença do Brasileiro passa pela estratégia, mas também pelas vendas dos melhores jogadores e pelas mudanças constantes de elencos e comissões técnicas.

A comparação Palmeiras 2018 x Corinthian­s 2017 passa também pela tentativa de mudança de estilo de Carille e pela caracterís­tica histórica das equipes de Felipão. No primeiro turno de 2017, o Corinthian­s venceu 14 vezes, 10 delas com menos posse de bola do que o rival. Os adversário­s tiveram mais passes em 14 de 19 partidas (73%). A média só cresceu no segundo turno, em que se concentrar­am as oito derrotas corintiana­s. Sete delas, com mais de 50% de bola no pé. O Corinthian­s ficou melhor, porém menos seguro.

O Palmeiras perdeu quatro vezes neste Brasileiro. Em todas, teve mais posse do que o adversário. No total, é o 11º clube em troca de passes. Não tem nojo da bola. Felipão é que sempre preferiu ver seus times definindo jogadas com rapidez. O Palmeiras também não é um time defensivo. Tem o melhor ataque.

A última vez que o campeão brasileiro foi o time de mais troca de passes foi o Cruzeiro de 2014. Nesta década, na Premier League, só o Manchester City de 2018 foi campeão como recordista de posse de bola. Como o campeonato é de pontos ganhos, isso não é um problema. Mas é preciso discutir o estilo de jogo do campeonato. Nunca fomos como os uruguaios, que rebatem para o mato e lutam por um contra-ataque.

Quarta (21), o Palmeiras pode ser o legítimo campeão brasileiro, dono da melhor campanha, mérito total. Outra coisa é entender que o estilo no Brasil só vai mudar com mais jogadores de talento mantidos por todo o ano e com mais times constantes por 12 meses.

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