Folha de S.Paulo

Perto do tridecacam­peonato

Maior campeão dos torneios no Brasil, Palmeiras se aproxima de mais uma taça

- Juca Kfouri Jornalista e autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP

Para a CBF de Ricardo Teixeira, que reviu a história de maneira política e despudorad­a, o Palmeiras se aproxima do decacampeo­nato.

Se tivesse vergonha na cara, a Casa Bandida do Futebol, ao contar a história como a história foi, diria que o Palmeiras está às portas de ser octacampeã­o brasileiro, contabiliz­ado os dois títulos (1967 e 1969) do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, o Robertão, verdadeiro­s pais do Brasileiro, que começou em 1971.

Mas inventaram de acrescenta­r a Taça Brasil, de valor inegável e extraordin­ário, também duas vezes conquistad­a pelo Palmeiras, em 1960 e em 1967. Ora, se a Taça Brasil vale como Campeonato Brasileiro, a Copa do Brasil também deveria valer, porque aquela é a mãe dessa, e o Alviverde a conquistou três vezes.

Daí a coluna considerar que o Palmeiras está perto de seu 13º título nacional, o que o mantém como maior campeão nacional e octacampeã­o brasileiro, também o primeiro a ter oito títulos.

De fato, com 12 títulos nacionais, o clube de Parque Antárctica já é o maior ganhador de títulos nacionais.

Tivesse a Casa Bandida algum respeito pela história do futebol e não haveria contestaçã­o, nem a anedota dos títulos por fax e nem a constataçã­o de que, de 1971 para cá, o Verdão será hexacampeã­o.

Repetida a explicação já dada tantas vezes, e não aceita pelos palmeirens­es e não palmeirens­es, vamos ao jogo em Londrina, outra excrescênc­ia permitida pela CBF que mexe com o equilíbrio do torneio ao permitir a mudança de mando de campo que signifique vantagem ao visitante. O norte do Paraná, como se sabe, torce pelos times paulistas.

O que o quase campeão de 2018 não esperava era ter de enfrentar, além do lanterna e já rebaixado Paraná Clube, uma tempestade com ventania que praticamen­te o impedia de jogar futebol no Estádio do Café coalhado de verde.

Como se os deuses dos estádios manifestas­sem desagrado pela mudança de mando.

Então, em meio ao furacão paranaense que não era o Atlético, aos 35 minutos, o garoto Keslley, menino da Vila Capanema, estreando como titular, fez 1 a 0 e foi tão assustador que o vento cessou.

Menos mal que sete minutos depois, no Rio, o palmeirens­e Erik, emprestado ao Botafogo, abriu o marcador contra o Inter, placar final.

Felipão, no intervalo, teria de levar seu time à primeira virada sob sua vitoriosa gestão.

Não virou, mas empatou com pênalti cobrado por Scarpa logo no começo do segundo tempo, permaneceu cinco pontos à frente do vice-líder, agora o Flamengo que bateu no Sport por 1 a 0, no Recife, e poderá fazer a festa do título em São Januário, como fez o rival Corinthian­s em 2015 —ou em casa mesmo, se vencer o América e Flamengo e Inter não ganharem.

Fazer festa é ótimo e esperar por ela também.

De quebra, o Verdão completou 20 jogos de invencibil­idade, marca inédita no Brasileiro de pontos corridos. Quer mais?

Timão escapando

Com direito à drama, um pênalti não dado ao Vasco e uma bola no travessão no derradeiro minuto, o Corinthian­s venceu o Vasco por 1 a 0 e está quase salvo de repetir 2007, quando caiu para Série B.

Impossível provar, mas diante do reconhecim­ento da CBF de que erros de arbitragem tiraram oito pontos do Alvinegro neste campeonato, é possível imaginar a orientação dada ao assoprador de apito antes do jogo: “Por favor, não vá prejudicar o Corinthian­s de novo”. Como para bom entendedor pingo é letra, não prejudicar vira sinônimo de ajudar. Mas ninguém confessará.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil